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quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Agência Senado - 16/11/2009 - CI vai discutir apagão com Dilma, Lobão e outras autoridades

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quinta-feira, 5 de novembro de 2009

BRÉSIL

Calvinismo no Brasil
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
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Calvinismo

João Calvino
Bases históricas:

Cristianismo
Agostinho de Hipona
Reforma


Marcos:

A Institutio Christianæ Religionis de Calvino
Os Cinco Solas
Cinco Pontos (TULIP)
Princípio regulador
Confissões de fé

Influências:

Teodoro de Beza
Sínodo de Dort
Teologia puritana
Karl Barth


Igrejas:

Reformadas
Presbiterianas
Congregacionais


A presença do calvinismo no Brasil remonta ao século XVI. Ministros religiosos, enviados a partir da recomendação do próprio João Calvino, chegaram ao país durante a tentativa de colonização francesa conhecida como França Antártica. No século seguinte, durante a invasão holandesa, uma Igreja Reformada chegou a ser organizada (com vários presbitérios) no Nordeste brasileiro. Por fim, a partir do século XIX, os calvinistas instalaram-se definitivamente no território brasileiro, seja por meio da imigração européia (e estadunidense), seja por meio da atuação missionária.

Atualmente, os calvinistas somam mais de um milhão de fiéis em todo o Brasil (considerando, nesta soma, os membros de todas as denominações de origem calvinista do país).[1] Seu impacto pode ser observado não apenas no aspecto puramente religioso, como também no campo educacional, com suas várias escolas e faculdades (como a Faculdade Gammon e a Universidade Mackenzie).

Índice
1 Calvinismo na Invasão Francesa
1.1 França Antártica
1.2 França Equinocial
2 Calvinismo no Brasil Holandês
2.1 Primeira fase (1624-1625)
2.2 Segunda fase (1630-1654)
2.2.1 Organização
2.2.2 Templos e liturgia
2.2.3 Missão junto aos índios
3 Protestantismo de Imigração
4 Missões calvinistas no século XIX
5 Referências
6 Bibliografia


Calvinismo na Invasão Francesa
França Antártica

A França Antártica foi uma tentativa de colonização francesa no território brasileiro (na região do atual estado do Rio de Janeiro). Empreendido pelo vice-almirante Nicolas Durand de Villegaignon, o projeto iniciou-se com a chegada das naus francesas em 1555 e durou até a expulsão definitiva em 1567. "Esse empreendimento contou com o apoio do almirante Gaspard de Coligny (†24-08-1572), influente estadista e futuro líder dos calvinistas franceses, os huguenotes".[2]


O almirante calvinista Gaspard de Coligny, elo de ligação entre Villegaignon e João CalvinoEm dado momento, em virtude de problemas morais e religiosos na tropa, Villegaignon escreveu cartas a Gaspard de Coligny e ao reformador francês João Calvino "para que enviassem profissionais e religiosos para a novel colônia francesa".[3] Calvino, por meio da Igreja Reformada de Genebra, respondeu afirmativamente, enviando um grupo de calvinistas franceses (conhecidos como huguenotes) sob a liderança dos pastores Pierre Richier e Guillaume Chartier.[4] Villegaignon encaminha uma outra carta, então, agradecendo o pronto atendimento: "acredito que não seja possível exprimir com palavras quanto me alegram suas cartas e os irmãos que com elas vieram".[5]

A expedição, com a presença dos huguenotes, chegou à Baía de Guanabara em 7 de março de 1557. Três dias depois, em 10 de março, foi realizado o primeiro culto protestante nas Américas, oficiado pelo Rev. Pierre Richier. No domingo, 21 de março, houve a primeira celebração da Ceia do Senhor sob o rito calvinista.[4]

Havia cultos em todos os dias da semana. Aos domingos, especialmente, as celebrações aconteciam pela manhã e à tarde. Em outros momentos da semana, havia reuniões de oração.[6] Esta quantidade de serviços religiosos aponta para a importância da delegação calvinista em meio à tropa.

Conforme se estruturava o serviço religioso no Forte Coligny, os pastores huguenotes se sentiam à vontade para exercer um trabalho missionário, alcançando os índios do continente. "Realizaram várias visitas às tabas litorâneas dos índios tamoios em Cotina, Ocarantim, entre outras. Os missionários, muitas vezes, permaneciam semanas inteiras percorrendo os aldeamentos e lhes falando do Cristianismo por meio de intérpretes".[6]


Escultura representando a primeira celebração eucarística protestante nas Américas, oficiada pelos pastores Rev. Pierre Richier e Rev. Guillaume ChartierTanto nas solicitações encaminhadas a Coligny e Calvino quanto na própria recepção aos huguenotes, as reações de Villegaignon sempre foram as mais positivas possíveis. Segundo o colono Jean de Léry, testemunha ocular, ao chegarem os huguenotes, Villegaignon "os recebeu todo risonho, abraçando a todos".[7] Quando da primeira celebração eucarística, ele foi o primeiro a comungar, professando, assim, diante de todos, a sua fé reformada".[8] Osvaldo Rack apresenta uma viva descrição, com base no texto de Léry, da participação de Villegaignon num dos cultos:

Ajoelhado num coxim de veludo, o governador do Forte, em voz alta, proferiu longas orações, rendendo graças a Deus por ter sido chamado dos negócios mundanos, entre os quais vivia por apetite e ambição, para a obra de preparar um lugar e morada pacífica para aqueles que estavam privados de invocar publicamente o nome de Deus em espírito e verdade. Rogou a Deus para que o sítio de Coligny e país da França Antártica se tornasse um inexpugnável refúgio daqueles que, com boa consciência e sem hipocrisia, ali se abrigassem para se dedicar à exaltação da glória de Deus. Ainda suplicou a Deus o afastamento do espírito de vingança e que ficasse livre dos apóstatas da religião. [6]

Este espírito de paz e tolerância, no entanto, não durou muito. Em virtude de questões teológicas (que reproduziam as guerras religiosas que grassavam na Europa), Villegaignon passou a perseguir os colonos huguenotes. Um personagem importante desta mudança de atitude foi o ex-frade dominicano Jean de Cointac. Para ele, "a participação sacramental da Ceia não devia obrigar a pessoa a ser cristã de confissão calvinista, e, por outro lado, dizia ele que o sacramento do batismo devia seguir o rito católico romano".[9] Grupos de opiniões distintas passaram, então, a se confrontar. Villegaignon deixara de lado suas novas convicções calvinistas, pois, numa carta à Igreja Reformada de Genebra, assim se refere às doutrinas dos huguenotes: "esses delírios [a doutrina de Chartier] nos agitavam turbas enormes e quanto mais cuidadosamente se discutia, mais aparecia a vacuidade da doutrina" ".[10] A conseqüência foi, primeiro, a proibição dos cultos dos calvinistas, depois suas reuniões de oração e, por fim, a sua expulsão do Forte Coligny.

Em virtude da expulsão, os calvinistas franceses entraram em contato direto com os tupinambás. Entre os expulsos estava o sapateiro Jean de Léry, que, mais tarde, descreveria suas experiências em seu livro Histoire d'un voyage faict en la terre du Brésil (1578).[11]

Com a passagem de um navio que seguiria para França (o Les Jacques), os colonos expulsos resolveram retornar seu país. "Mesmo não se opondo ao embarque, Villegaignon enviou instruções secretas para serem entregues ao primeiro juiz em França, dizendo para que se executassem os huguenotes como traidores e hereges." "[8] No entanto, estas instruções acabaram não servindo diretamente para alguns dos colonos, pois, ao perceber o risco de naufrágio, cinco deles – Jean du Bourdel, Matthieu Verneuil, Pierre Bourdon, André Lafon e Jacques Le Balleur – voltaram à terra firme.[12] Villegaignon os aprisionou imediatamente e exigiu uma resposta, por escrito, em doze horas, a uma série de questionamentos teológicos. Os huguenotes presos ofereceram a resposta por meio da redação de um documento conhecido como Confissão de Fé da Guanabara.[13]

Como os colonos reformados recusaram-se a abjurar suas convicções religiosas, Villegaignon os condenou a morte. "Bourdel, Verneuil e Bourdon foram estrangulados e lançados ao mar. André Lafon, sendo o único alfaiate da colônia, teve a vida poupada sob a condição de que não divulgasse as suas idéias religiosas".[4] O único que conseguiu fugir foi Jacques Le Balleur.

Le Balleur chegou a São Vicente, onde pregou a fé cristã a partir do ponto de vista calvinista. Foi detido, por insistência dos jesuítas, e levado a Salvador, então capital da colônia, ficando preso entre os anos de 1559 e 1567. Por fim, foi levado para o recém fundado Rio de Janeiro e, sob as ordens do governador-geral Mem de Sá, condenado à forca. O carrasco, no entanto, recusou-se a executá-lo. Diante disso, o padre jesuíta José de Anchieta o teria estrangulado com suas próprias mãos.[14]

França Equinocial

A França Equinocial foi o esforço francês de colonização no que hoje é o estado brasileiro do Maranhão. Muito curto, o empreendimento se deu entre 1612 e 1615 (apesar de novas tentativas de invasão francesa nos anos seguintes). Pode-se dizer que a "França Equinocial fora um empreendimento comercial católico que teve como principal chefe um protestante: La Ravardière".[15]

De maneira semelhante ao que havia acontecido na tentativa anterior, também na França Equinocial "os huguenotes participaram ativamente na evangelização dos índios locais".[16] No entanto, não há grandes registros desta atividade calvinista no nordeste brasileiro. Segundo historiadores eclesiásticos, após o fim da invasão francesa, alguns dos huguenotes que permaneceram se converteram à Igreja Católica Romana.[17]
Calvinismo no Brasil Holandês

Rev. Frederico Kesseler, pastor da Igreja Cristã Reformada do Recife, entre 1637 e 1643A colonização holandesa do Nordeste brasileiro se concentrou na primeira metade do século XVII (primeira fase, entre 1624 e 1625; segunda fase, entre 1630-1654). A segunda fase desta colonização, marcadamente nas cidades de Olinda e Recife, teve presença significativa da Igreja Reformada Neerlandesa.

[editar] Primeira fase (1624-1625)
Em 1621, os holandeses criaram a Companhia das Índias Ocidentais, com o objetivo de conquistar e colonizar territórios economicamente lucrativos nas Américas.[18] Como conseqüência disto, uma expedição foi enviada à Bahia, em 1624.

Como os holandeses eram calvinistas, a Igreja Reformada se estabeleceu junto à colônia. O primeiro culto reformado na cidade de Salvador aconteceu em 11 de maio de 1624, e a vida da Igreja Reformada da Bahia foi efêmera, existindo por apenas um ano.[19] Com a expulsão dos holandeses, ainda houve um breve estabelecimento na Paraíba. O estudioso holandês (e professor no Brasil) Frans Leonard Schalkwijk oferece um relato sobre o início e o fim deste estabelecimento:

Quando o reforço da frota holandesa chegou à Bahia, o seu comandante Boudewvn Hendricksz percebeu que havia chegado tarde demais, e regressou ao norte. Para reabastecer, aportaram na Bahia da Traição no norte da Paraíba (…). Ali os holandeses ficaram durante seis semanas, tratando bem os índios locais, que se tornaram seus amigos. Quando estes, porém, notaram que os navios se preparavam para deixar o Brasil, procuraram embarcar também, temendo a vingança portuguesa. Apenas seis jovens conseguiram embarcar para a Holanda. Ali aprenderam a falar holandês, foram alfabetizados, passearam nas ruas de Leiden, onde morava o diretor De Laet, e se tornaram cristãos reformados. Um deles era o índio Pedro Poti, que posteriormente se tornaria importante no trabalho missionário da igreja reformada no Nordeste brasileiro. [20]

Dentre as poucas informações que se têm sobre o calvinismo brasileiro deste período, restam os nomes dos pastores da Igreja Reformada da Bahia: Rev. Enoch Sterthenius, substituído em 1625 pelo Rev. Jacobus Dapper; Rev. Johannes Neander, falecido na Bahia, substituído pelo Rev. Valentinus Artopaeus; Rev. J. C. Pick, Rev. J. Michaelis e Rev. H. Wisman.[21]

Segunda fase (1630-1654)

A segunda fase das invasões holandesas foi uma colonização em todos os sentidos do termo. Espalhando-se por grande parte do território nordestino, o cristianismo calvinista era a religião oficial durante o domínio holandês. No entanto, havia liberdade religiosa (especialmente sob o governo de Maurício de Nassau) para os católicos e judeus.

O primeiro culto reformado nas imediações de Pernambuco foi realizado a bordo do navio do almirante Hendrick Lonck, em 14 de fevereiro de 1630. O culto foi oficiado pelo rev. Johannes Baers, e marca o reinício das atividades da Igreja Reformada em território brasileiro.[22]

A força da Igreja Reformada no Brasil se demonstra em sua organização no período. "Foram criadas vinte e duas igrejas locais e congregações, dois presbitérios (Pernambuco e Paraíba) e até mesmo um sínodo, o Sínodo do Brasil (1642-1646)".[18] Mais de cinqüenta pastores (também chamados de "predicantes") calvinistas serviram nas paróquias organizadas.

Organização

Ata do Presbitério Reformado de Pernambuco, de dezembro de 1636As Igrejas Reformadas seguiam o modelo de organização clássico calvinista. Cada igreja local era administrada por um "conselho" ou "consistório", composto dos pastores e dos presbíteros eleitos pela paróquia. Algumas igrejas eram por demais pequenas, por isso não tinham consistórios e eram consideradas congregações, ou igrejas em formação.

"Além das igrejas locais dirigidas pelos seus respectivos 'consistórios', organizou-se a partir de 1636 uma convenção, 'Classe' ou 'Presbitério', reunindo todas as igrejas no território ocupado, agrupando-as a nível 'nacional', com o nome oficial de 'Classe do Brasil da Igreja Cristã Reformada'."[23] O Presbitério é a estrutura mais importante da eclesiologia calvinista, pois é o elo entre a Igreja nacional e as igrejas locais.

Seis anos depois da criação do Presbitério do Brasil, com o crescimento do número de Igrejas, decidiu-se desdobrar o concílio, fazendo nascer duas novas Classes; o Presbitério de Pernambuco e o da Paraíba, que, juntos, formaram o Sínodo do Brasil[24] (o Sínodo é o órgão eclesial superior ao Presbitério, servindo como concílio de apelação). As igrejas na Holanda não concordaram com o projeto de criação do Sínodo brasileiro. No entanto, "apesar da desaprovação da Holanda, o Sínodo do Brasil funcionou durante quatro anos, e muitas vezes a contento".[25]

Templos e liturgia

Quando chegaram ao Brasil, os calvinistas holandeses não se preocuparam com a construção de novos templos, pois eles podiam usar os templos católico-romanos que já existiam. No entanto, a "exemplo da Holanda, removeram as imagens, não as tolerando, em acordo com o Catecismo de Heidelberg. Semelhantemente se desfizeram do altar e dos paramentos sacerdotais. Em seguida, colocaram no centro do santuário a Bíblia em um púlpito alto, e logo abaixo a pia batismal e a mesa para a santa ceia".[26]

Os cultos eram simples, segundo o modelo litúrgico reformado. Os homens geralmente assistiam a celebração de pé e as mulheres sentavam-se em cadeiras levadas para o culto. Dois serviços eram realizados nos domingos: um culto às nove horas da manhã e uma celebração de catequese no período da tarde. Frans Schaldwijk também apresenta um resumo da liturgia calvinista no Brasil Holandês:

O pastor iniciava o culto com o "votum": "O nosso socorro vem do Senhor que fez o céu e a terra", saudando em seguida a igreja com "Graça e paz a vós outros por parte de Deus Pai e do Nosso Senhor Jesus Cristo na comunhão do Espírito Santo". Em seguida a igreja cantava alguns salmos de Davi e confessava seus pecados numa oração dirigida pelo pastor. Logo após a promessa de perdão, vinha a leitura dos dez mandamentos, como norma para a vida de gratidão. Em seguida a outro cântico congregacional de um salmo vinha a pregação, que durava quase uma hora. (…) O culto se encerrava com cântico, oração, bênção apostólica e uma coleta para a diaconia. [27]

A celebração eucarística não era dominical. A exemplo do que acontecia na Igreja Cristã Reformada da Holanda, a Santa Ceia só era ministrada quatro vezes ao ano, o que demandava uma série de cuidados especiais, como visitas aos fiéis e preparação espiritual dos ministros.[28]

Missão junto aos índios

Segundo Schalkwijk, pode-se dividir a história da missão reformada junto aos índios do Nordeste do Brasil em três etapas: a preparação (1630-1636), a expansão (1637-1644) e a conservação (1645-1654).[29]

Alguns dos índios que haviam embarcado para a Holanda após o fim da invasão na Bahia retornaram para servirem como intérpretes dos missionários junto aos nativos do Nordeste brasileiro. Passados cinco anos na Europa, e após aprenderem a ler e escrever, estes índios (entre eles, Pedro Poti) foram os primeiros missionários protestantes brasileiros.[20]

O trabalho missionário envolvia a evangelização propriamente dita e a educação dos indígenas (chamados, pelos holandeses, de "brasilianos"). Uma escola foi organizada próximo à aldeia de Nassau e dois "brasilianos", educados pelos holandeses, tornaram-se professores: João Gonsalves e Melchior Francisco. O próprio governo holandês pagava o salário de 12 florins mensais aos professores-índios, o correspondente ao soldo de um cabo do exército.[29]

Com a expulsão definitiva dos holandeses, no entanto, a influência calvinista desapareceu aos poucos. O padre Antônio Vieira, numa visita à Serra da Ibiapaba, qualificou a região pejorativamente como a "Genebra de todos os sertões do Brasil". "A influência do ensino religioso havia sido mais profunda do que se imaginava à primeira vista. Os padres ficaram atônitos diante do traje fino dos indígenas, da arte de ler e escrever e especialmente do lado religioso, porque "muitos deles eram tão calvinistas e luteranos como se houvessem nascido na Inglaterra ou Alemanha", considerando a igreja romana uma "igreja de moanga", uma igreja falsa".[29] Poucos anos depois, entretanto, não restava nada da Genebra brasileira.

Protestantismo de Imigração

Com o Decreto de Abertura dos Portos, promulgado por Dom João VI em 1808, um número grande de estrangeiros afluiu ao Brasil. Dentre estes, muitos eram protestantes (em especial, os ingleses, anglicanos em sua maioria). Outros tratados (como o de Aliança e Amizade e o de Comércio e Navegação) traziam artigos que concediam liberdade religiosa aos estrangeiros que aqui chegassem.

Além disso, após a Independência, a liberdade religiosa passou a ser preceito constitucional. Assim rezava o artigo 5º da Constituição de 1824:

A religião católica apostólica romana continuará a ser a religião do Império. Todas as outras religiões serão permitidas com seu culto doméstico ou particular, em casas para isso destinadas, sem forma alguma exterior de templo.[30]

Somando-se estes fatores ao incentivo real à imigração européia, houve uma nova chegada – depois de um século e meio – de protestantes em território brasileiro. A esta afluência de protestantes, seja em razão do comércio, seja por colonização imigratória, chama-se protestantismo de imigração.[31]

Em junho de 1827, foi fundada a "Comunidade Protestante Alemã-Francesa do Rio de Janeiro", por iniciativa do cônsul da Prússia Wilhelm von Theremin. Esta paróquia era composta por imigrantes luteranos e calvinistas, sendo o seu primeiro pastor o Rev. Ludwig Neumann.[18] No entanto, com o passar do tempo, a comunidade tornou-se totalmente luterana.

A presença calvinista pode ser vista, também, no serviço de capelania dos marinheiros estadunidenses ancorados no Brasil. Entre 1851 e 1854, este posto foi ocupado pelo pastor presbiteriano Rev. James Cooley Fletcher.[32] Mesmo após abandonar o posto de capelão, Fletcher continuou no Brasil, ocupando posição importante no processo de inserção do protestantismo no país.[33]

Missões calvinistas no século XIX

Pelas mesmas razões aludidas acima (que resultaram na tolerância ao protestantismo em território brasileiro), vários missionários protestantes chegaram ao Brasil com o objetivo expresso de evangelizar os brasileiros, numa tentativa de organizar um protestantismo genuinamente nacional. A este movimento missionário protestante com o objetivo de organizar Igrejas compostas por fiéis brasileiros chama-se protestantismo de missão.[34]

Quase todos os primeiros missionários protestantes no Brasil eram calvinistas.[35] O citado Rev. James Fletcher, por exemplo, teria ficado "obcecado por uma única idéia: converter o Brasil ao protestantismo e ao progresso".[36] Apesar disso, Fletcher não chegou a organizar uma Igreja calvinista no Brasil e nem a batizar nenhum brasileiro.

O primeiro missionário calvinista a organizar uma Igreja formada por brasileiros foi o médico e pastor escocês Rev. Robert Reid Kalley. Ele já havia servido como missionário na Ilha da Madeira entre 1838 e 1846, aprendendo, por conta disto, a língua portuguesa. Kalley e sua esposa Sarah chegaram ao Brasil em maio de 1855 e, no mesmo ano, organizaram a primeira escola dominical em território brasileiro. "Em 11 de julho de 1858, Kalley fundou a Igreja Evangélica, depois Igreja Evangélica Fluminense (1863), cujo primeiro membro brasileiro foi Pedro Nolasco de Andrade".[18] A Igreja Evangélica Fluminense (uma Igreja Congregacional, de doutrina calvinista) é a primeira Igreja protestante, fruto do trabalho missionário, brasileira.

Muitas reuniões foram realizadas, também, em Petrópolis. Em virtude da freqüência de brasileiros a tais reuniões, Kalley chegou a ser intimado à delegacia e proibido de exercer suas atividades como médico. O missionário encaminhou uma carta de defesa à representação diplomática britânica. "Junto à sua carta de contestação, Kalley apresentou a Stuart a opinião legal de três dos mais notáveis jurisconsultos brasileiros da época: Caetano Alberto Soares, José Tomás Nabuco de Araújo e Urbano Sabino Pessoa de Melo".[37] Tais respostas apontavam para uma nova interpretação da Constituição, permitindo-se, então, que a fé protestante fosse pregada aos brasileiros.[38] O relacionamento do casal Kalley com o Imperador Dom Pedro II (que visitou sua casa, algumas vezes) serviu, também, para dar credibilidade ao seu trabalho.[39]

O calvinismo só se estabeleceu oficialmente, no entanto, com a chegada dos missionários presbiterianos enviados pela Presbyterian Church in the United States of America. O trabalho missionário presbiteriano começou com a chegada do pastor Rev. Ashbel Green Simonton ao Brasil, em 12 de agosto de 1859.[40]

Estabelecendo-se no Rio de Janeiro, Simonton iniciou os seus trabalhos como capelão de marinheiros ingleses ancorados no Brasil. Após aprender a língua portuguesa, iniciou seus cultos com a presença de portugueses e brasileiros. O resultado disto foi a organização, em 12 de janeiro de 1862, da Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro (a primeira da Igreja Presbiteriana do Brasil). O próprio Simonton relata a organização desta Igreja, pela recepção de seus dois primeiros membros:

No sábado, celebramos a Santa Ceia, e recebi por profissão de fé a Henry E. Milford e a Cardoso Camilo de Jesus. Foi uma hora de gozo íntimo. Antes mesmo do que eu esperava, Deus me deu os primeiros frutos de nossa missão. Sinto-me grato, mas julgo que devia estar mais ainda. O culto de comunhão foi dirigido por Schneider e por mim, em inglês e português. O Sr. Cardoso, a seu próprio pedido e de acordo com o que nós mesmos, depois de muito pensar e hesitar, tínhamos achado melhor, foi batizado. Seu exame foi julgado mais do que satisfatório por Schneider e por mim, e não nos deixou dúvida alguma com respeito à realidade de sua conversão.[41]

Além disso, é de Simonton, também, a iniciativa de criar o jornal Imprensa Evangélica (1864), primeiro periódico protestante de língua portuguesa a circular no Brasil. Como conseqüência de sua missão, organiza-se o Presbitério do Rio de Janeiro (1865) e procede-se à ordenação do primeiro pastor protestante latino-americano, o brasileiro José Manoel da Conceição.[42]

Os nomes de dois outros missionários presbiterianos estão vinculados à presença calvinista no estado de São Paulo. São eles o Rev. Alexander Latimer Blackford e o Rev. George Whitehill Chamberlain. Este último foi o criador da Escola Americana, em 1870, dando origem ao que é hoje a Universidade Presbiteriana Mackenzie.[43] Com o trabalho destes missionários, o calvinismo implantou-se definitivamente no país.

Referências
↑ Bauswein & Vischer, The Reformed Family Worldwide, pp. 82ss.
↑ Matos, A "França Antártica" .
↑ Hack, ‘’Sementes do Calvinismo no Brasil Colonial’’, p. 112.
↑ 4,0 4,1 4,2 Matos, A "França Antártica".
↑ Carta de Villegaignon a Calvino, 31 de março de 1557, apud Schalwvijk, "O Brasil na Correspondência de Calvino", p. 109.
↑ 6,0 6,1 6,2 Hack, ‘’Sementes do Calvinismo no Brasil Colonial’’, p. 119.
↑ Apud Ferreira, A presença dos reformadores franceses no Brasil Colonial, p. 9.
↑ 8,0 8,1 Apud Ferreira, A presença dos reformadores franceses no Brasil Colonial, p. 10.
↑ Hack, ‘’Sementes do Calvinismo no Brasil Colonial’’, p. 131.
↑ Carta de Villegaignon aos de Genebra, 6 de julho de 1560, apud Schalwvijk, "O Brasil na Correspondência de Calvino", pp. 126,127.
↑ Léry, Viagem à Terra do Brasil.
↑ Matos, 'A "França Antártica".
↑ Transcrita em Crespin, A tragédia da Guanabara pp. 65-71.
↑ Rocha Pombo, História do Brasil, vol. 3, p. 514. Cf. Reis, O martyr Le Balleur. Rio de Janeiro, s/ed (1917); Ferreira, A presença dos reformados franceses no Brasil colonial, p. 12.
↑ Mariz & Provençal, La Ravardière e a França Equinocial, p. 129.
↑ Schaldwijk, Igreja e Estado no Brasil Holandês, p. 18.
↑ Jaboatão, Antonio de Santa Maria, Novo Orbe Seráfico Brasileiro (1761), apud Schaldwijk, Igreja e Estado no Brasil Holandês, p. 18.
↑ 18,0 18,1 18,2 18,3 Matos, O Protestantismo no Brasil.
↑ Schaldwijk, Igreja e Estado no Brasil Holandês, pp. 100, 114.
↑ 20,0 20,1 Schaldwijk, Igreja e Estado no Brasil Holandês, pp. 56,57.
↑ Schaldwijk, Igreja e Estado no Brasil Holandês, nota 3, p. 100.
↑ Schaldwijk, Igreja e Estado no Brasil Holandês, p. 114.
↑ Schaldwijk, Igreja e Estado no Brasil Holandês, p. 121.
↑ Schaldwijk, Igreja e Estado no Brasil Holandês, p. 122.
↑ Schaldwijk, Igreja e Estado no Brasil Holandês, p. 137.
↑ Schaldwijk, Igreja e Estado no Brasil Holandês, pp. 108,109.
↑ Schaldwijk, Igreja e Estado no Brasil Holandês, p. 116.
↑ Schaldwijk, Igreja e Estado no Brasil Holandês, p. 119.
↑ 29,0 29,1 29,2 Schalkwijk, Índios Evangélicos no Brasil Holandês.
↑ Brasil, Constituição Política do Império do Brazil (de 25 de março de 1824), art. 5º.
↑ Mendonça, Evolução Histórica e Configuração Atual do Protestantismo no Brasil, pp. 27ss.
↑ Sturz, A Implantação do Protestantismo na América Latina, p. 364.
↑ Vieira, O Protestantismo, a Maçonaria e a Questão Religiosa no Brasil, pp. 62ss.
↑ Mendonça, Evolução Histórica e Configuração Atual do Protestantismo no Brasil, pp. 31ss.
↑ A exceção notável fica por conta dos missionários metodistas Rev. Justin Spaulding e Rev. Daniel Parish Kidder que, entre 1838 e 1842, trabalharam no Brasil. No entanto, não houve batismo de nenhum brasileiro nesta missão metodista. Cf. Vieira, O Protestantismo, a Maçonaria e a Questão Religiosa no Brasil, p. 61.
↑ Sturz, A Implantação do Protestantismo na América Latina, p. 365.
↑ Vieira, O Protestantismo, a Maçonaria e a Questão Religiosa no Brasil, p. 120.
↑ Ferreira, História da Igreja Presbiteriana do Brasil, vol. 1, p. 23.
↑ Vieira, O Protestantismo, a Maçonaria e a Questão Religiosa no Brasil, pp. 121ss.
↑ Ferreira, História da Igreja Presbiteriana do Brasil, vol. 1, p. 15.
↑ Simonton, Journal apud Ferreira, História da Igreja Presbiteriana do Brasil, vol. 1, p. 28.
↑ Matos, Simonton e as Bases do Presbiterianismo no Brasil.
↑ Cf. Hack, Mackenzie College e o Ensino Superior Brasileiro.
[editar] Bibliografia
BAUSWEIN, Jean-Jacques & VISCHER, Lukas. The Reformed family worlwide: a survey of Reformed Churches, theological schools, and international organizations. Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans, 1999.
BRASIL. Constituição Política do Império do Brazil (de 25 de março de 1824). Presidência da República. Acesso em 9 de abril de 2008.
CRESPIN, Jean. A Tragédia da Guanabara: História dos Protomartyres do Christianismo no Brasil. Trad. Domingos Ribeiro. Rio de Janeiro: Typo-Lith Pimenta de Mello 1917.
FERREIRA, Franklin. A presença dos reformados franceses no Brasil colonial. Acesso em 6 de abril de 2008.
FERREIRA, Júlio Andrade. História da Igreja Presbiteriana do Brasil, vol. 1. São Paulo: CEP, 1992.
HACK, Osvaldo Henrique. Mackenzie College e o Ensino Superior Brasileiro. São Paulo: Editora Mackenzie, 2002.
HACK, Osvaldo Henrique. Sementes do Calvinismo no Brasil Colonial: uma releitura da história do Cristianismo brasileiro. São Paulo: Cultura Cristã, 2007.
LÉRY, Jean de. Viagem à Terra do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia, 1980.
MARIZ, Vasco & PROVENÇAL, Lucien. La Ravardière e a França Equinocial: os franceses do Maranhão (1612-1615) . Rio de Janeiro: Topbooks, 2007.
MATOS, Alderi Souza de. A "França Antártica": Primeira Presença Calvinista no Brasil. Acesso em 9 de abril de 2008.
MATOS, Alderi Souza de. O Protestantismo no Brasil. Acesso em 9 de abril de 2008.
MATOS, Alderi Souze de. Simonton e as Bases do Presbiterianismo no Brasil. Acesso em 13 de abril de 2008.
MENDONÇA, Antônio Gouvêa. "Evolução Histórica e Configuração Atual do Protestantismo no Brasil" In: MENDONÇA, Antônio Gouvêa & VELASQUES FILHO, Prócoro. Introdução ao Protestantismo no Brasil. São Paulo: Loyola, 1990, pp. 11-59.
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ROCHA POMBO, José Francisco da. História do Brasil, vol. 3. Rio de Janeiro: W. M. Jackson, 1935.
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SCHALKWIJK, Frans Leonard. "O Brasil na Correspondência de Calvino". Fides Reformata, vol. IX, n. 1, 2004, pp. 101-128.
STURZ, Richard J. "A Implantação do Protestantismo na América Latina". In CAIRNS, Earle E. O Cristianismo Através dos Séculos. São Paulo: Vida Nova, 1995, pp. 357-378.
VIEIRA, David Gueiros. O Protestantismo, a Maçonaria e a Questão Religiosa no Brasil. Brasília: Universidade de Brasília, 1980.

BRESIL

Denominações Calvinistas

(com uma resalva pra os Huguenotes no brasil)

O Calvinismo é a doutrina de diversas denominações Protestantes, dentre elas destacamos:

Igreja Reformada Suíça - religião oficial da maioria dos cantões da Suíça.
Igreja Protestante Evangélica Holandesa - recentemente unificada, não é mais a religião oficial dos Países Baixos
Igreja Reformada Francesa - a igreja dos Huguenotes
Igreja Congregacional - concentrada na Nova Inglaterra, nos Estados Unidos, hoje parte da Igreja Unida de Cristo.
Igreja Reformada Hungara
Igreja da Escócia
Igreja Presbiteriana do Brasil
Igreja Presbiteriana Independente do Brasil
União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil
Igreja Presbiteriana Conservadora do Brasil
Igreja Evangélica Presbiteriana de Portugal
Igreja Presbiteriana Unida do Brasil

Referências

KUYPER, Abraham. Calvinismo. Editora Cultura Cristã, 2002.
Seaton, W. J. Os Cinco Pontos do Calvinismo. São Paulo: Editora PES.
Rodrigues,Joelza Ester História em Documento 6ª Série, Editora: FTD. Pág. 168

Ver também

Calvinismo no Brasil
Predestinação
Presbiterianismo
Museu Internacional da Reforma Protestante de Genebra
Etimologia
A origem da palavra "huguenotes" não é clara. Há quem diga que deriva de Besançon Hugues, líder da revolta em Genebra. O biógrafo de João Calvino, Bernard Cottret, afirma que "huguenotes" vem de "confederados" (em francês "Eidguenot", derivado do Suíço-alemão Eidgenossen, ou confederados, expressão designando as cidades e cantões helvéticos partidários da Reforma). Na Genebra do século XVI havia uma rivalidade interna entre os "mamelucos", que eram conservadores e se orientavam favoravelmente à Savóia, e os "confederados" ou Eidguenotes, que eram mais progressivos e enveredaram pelo protestantismo.[1][2]

Owen I.A. Roche, no seu livro The Days of the Upright, A History of the Huguenots (New York, 1942), escreveu que "Huguenot" é "uma combinação de flamengo e alemão. Na área flamenga da França, os estudantes que se reuniam em uma casa privada para estudar secretamente a Bíblia eram chamados Huis Genooten (colegas de casa) enquanto na zona alemã e suíça eram chamados Eid Genossen (colegas de juramento), que indicava as pessoas ligadas entre elas sobre juramento. Afrancesado em "Huguenot", muitas vezes usado com tom de desaprovação, a palavra virou, em dois e três seculos de triunfo e de terror, um símbolo de honra paciente e coragem". Outros afirmam que o termo derive do nome de um lugar no qual os protestantes franceses celebravam o próprio culto; esse lugar era chamado "Torre de Hugon" e se encontra em Tours.

Ligações externas

[www.monergismo.com] teologia calvinista
[1] Portal Mackenzie: Movimento Reformado (Calvinismo)
[www.calvin500.org] Quinhentos anos do nascimento de Calvino (em ingles)

Massacre da noite de São Bartolomeu
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Massacre de São Bartolomeu, de François DuboisO massacre da noite de São Bartolomeu foi um episódio sangrento na repressão dos protestantes na França pelos reis franceses, católicos. As matanças, organizadas pela casa real francesa, começaram em 24 de Agosto de 1572 e duraram vários meses, inicialmente em Paris e depois em outras cidades francesas, vitimando entre 30 mil e 100 mil protestantes franceses (chamados huguenotes).

Este massacre veio dois anos depois do tratado de paz de Saint-Germain, pelo qual Catarina de Médici tinha oferecido tréguas aos protestantes.

Em 1572, quatro incidentes inter-relacionados têm lugar após o casamento real de Marguerite de Valois, irmã do rei da França, com Henrique de Navarra, uma aliança que supostamente deveria acalmar as hostilidades entre protestantes e católicos e fortalecer as aspirações de Henrique ao trono. Em 22 de Agosto, um agente de Catarina de Médici (a mãe do rei da França de então, Carlos IX de França, o qual tinha apenas 22 anos e não detinha verdadeiramente o controle), um católico chamado Maurevert, tentou assassinar o almirante Gaspard de Coligny, líder huguenote de Paris, o que enfureceu os protestantes, apesar de ele ter ficado apenas ferido.

Nas primeiras horas da madrugada de 24 de Agosto, o dia de São Bartolomeu, dezenas de líderes huguenotes foram assassinados em Paris, numa série coordenada de ataques planejados pela família real.

Este foi o sinal inicial para um massacre mais vasto. Começando em 24 de Agosto e durando até Outubro, houve uma onda organizada de assassínios de huguenotes em cidades como Toulouse, Bordéus, Lyon, Bourges, Rouen, e Orléans.

Relatos da quantidade de cadáveres arremessados nos rios afirmam uma visível contaminação, de modo que ninguém comia peixe,pelas condições isalubres do local.

Não foi o primeiro nem o último ataque massivo aos protestantes franceses. Outros pogromas se seguiriam.

Na literatura e na dramaturgia
A história foi relatada por Alexandre Dumas em sua obra A Rainha Margot, um romance de 1845, historicamente acurado, apesar de Dumas ter inserido tons de romantismo e aventuras em seu texto. O romance de Dumas foi adaptado ao cinema em 1994, em A Rainha Margot ("A Rainha Margot"), de Patrice Chéreau.

O massacre já tinha sido representado no cinema por D.W. Griffith no filme mudo Intolerance ("Intolerância"), de 1916.

Também contada pelo escritor Michel Zevaco (Autor Frances,nasceu em Ajacio,em 1860 na mesma cidade de Napoleão Bonaparte cem anos depois,conhecedor profundo da Historia Francêsa Medieval e Renascentista) no romance inicial Os Pardaillans,onde ele era mestre em ficção dentro da realidade.

Ver também
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ILUMINISMO do Iperialismo


Presença portuguesa em África

Cisterna portuguesa Manuelina em Mazagão, MarrocosA tomada de Ceuta em 1415 e a descoberta das ilhas da Madeira, em 1418, e das Canárias em 1432, territórios de colonização e exploração agropecuária, marcam o início da expansão territorial marítima portuguesa.

Movidas de início pela busca de privilégios de fidalguia conquistados em batalha e, depois, pela iniciativa privada que buscava riqueza fora do território - conseguindo-a nas prósperas capitanias dos arquipélagos da Madeira e dos Açores- as viagens prosseguiram pela costa africana, cada vez mais para sul.[11]

As expedições passaram o cabo Bojador em 1434. À medida que os resultados se mostravam mais compensadores, foram tomadas medidas para proteger os interesses de Portugal. Impulsionado pelo Infante Dom Henrique "o Navegador" é decretado o monopólio da navegação na costa oeste Africana em 1443, iniciando o Mare clausum português no Atlântico. Os navios passam a ser licenciados por Portugal em troca de parte dos lucros obtidos, o que motivou o investimento em viagens de exploração por portugueses e estrangeiros, como os genoveses e venezianos.[11] Em 1444, como governador do Algarve, o Infante estabelece um consórcio de navegação em Lagos. E em 1445 é criada a primeira feitoria comercial da ilha de Arguim, na costa da Mauritânia, construida sob as instruções do próprio Infante: visava atrair as rotas percorridas por mercadores muçulmanos no norte de África, tentava-se implantar um mercado para monopolizar a actividade comercial da zona.

A partir de 1458, Ceuta e Arguim, com as suas guarnições militares, foram pontos-chave de apoio logístico e material às navegações portuguesas e um entrave à pirataria praticada pelos mouros.


Fortaleza de São Jorge da Mina (Elmina), actual Gana.Em 1469, Afonso V, Rei de Portugal concedeu o monopólio do comércio na parte do Golfo da Guiné ao mercador Fernão Gomes, contra uma renda anual de 200 000 réis. Gomes tinha que explorar 100 léguas da costa da África por ano durante cinco anos.[12] Com a colaboração de navegadores como João de Santarém, Pedro Escobar, Lopo Gonçalves, Fernão do Pó e Pedro de Sintra, fê-lo mesmo para além do contratado. Com o seu patrocínio, os portugueses chegaram ao Cabo de Santa Catarina, já no Hemisfério Sul, e encontraram também as ilhas do Golfo da Guiné, incluindo São Tomé e Príncipe e Elmina na Costa do Ouro em 1471,[13] onde a Fortaleza de São Jorge da Mina e a cidade foram construídos em 1482 em redor da indústria de mineração de ouro.[14] Com os lucros deste comércio, Gomes auxiliou o monarca na conquista de Arzila, Alcácer Ceguer e Tânger, desempenhando um papel de enorme influência na economia do reino.

Com a passagem do cabo da Boa Esperança por Bartolomeu Dias em 1488, ao proselitismo da reconquista, adicionam-se a curiosidade científica e o mercantilismo. Vasco da Gama usou as cartas marítimas até então traçadas para estabelecer uma rota marítima para a Índia. Após esta descoberta o século XVI tornarse-ia o "século de ouro" para Portugal e o seu apogeu como nova potência europeia.


Muralha portuguesa em Arzila, Marrocos.Com a carreira da Índia que ligava Lisboa a Goa a partir de 1497, a ilha de Moçambique ganhou uma importância estratégica como escala de navegação, sendo aí construída uma poderosa fortificação, a Fortaleza de São Sebastião, e um hospital. Nos Açores, a Armada das ilhas protegia as naus a caminho de Lisboa. A partir de então as explorações perderam o carácter privado, passando a efectuar-se sob iniciativa da Coroa.

Apesar dos formidáveis benefícios gerados pelo império colonial no Oriente, o interesse da coroa por Marrocos não enfraqueceu. O século XVI é uma sucessão de conquistas e de abandonos de fortalezas costeiras até que o rei D. Sebastião (1557-1578) investiu na conquista dos territórios interiores, o que resultou na derrota em Alcácer-Quibir em 1578 seguindo-se uma crise sucessória que acabou na união com a coroa espanhola em 1580.

Confrontos com os holandeses em África (1597-1663)

Igreja de Santo António, Ilha de Moçambique, Património Mundial da UNESCOA partir da década de 1620, no contexto da Dinastia Filipina, o império português sofreu grandes reveses ao ser envolvido nos conflitos que a Espanha travava com a Inglaterra, a França e a Holanda, que tentavam estabelecer os seus próprios impérios.[8] Portugal seria arrastado, sem verbas e sem capacidade para enviar exércitos para as regiões atacadas por forças bem preparadas.

Os holandeses, envolvidos na guerra dos Oitenta Anos com Espanha desde 1568, atacavam por mar colónias e navios. O império português, constituido sobretudo de assentamentos costeiros, vulneráveis a ser tomados um a um, tornou-se um alvo fácil.[9]

A Guerra Luso-Holandesa começou com um ataque a São Tomé e Príncipe em 1597. Foi travada pelas Companhias Holandesas das Índias Orientais e Ocidentais, com o objectivo de tomar as redes de comércio portuguesas de especiarias asiáticas, escravos da África ocidental e açúcar do Brasil.[9]

Após vários confrontos no oriente e no Brasil, começaram os ataques nos postos comerciais da costa oeste africana, visando assegurar escravos para a produção de açúcar em territórios conquistados no Brasil. Em 1638 os holandeses tomaram São Jorge da Mina na Guiné, Luanda em 1641 e Axim, no actual Gana, em 1642.[10]

Em 1640 Portugal restaurou a independência, restabelecendo a aliança com a Inglaterra que, embora tenha apoiado, em breve viria a desafiar os Holandeses.

Em 6 de Abril de 1652 o mercador da VOC Jan van Riebeeck establece perto do Cabo da Boa Esperança um posto de reabastecimento, que se tornaria na Cidade do Cabo, permitindo aos holandeses dominar a rota do cabo, de comércio para o oriente.

Em 1654 a frota de Salvador Correia de Sá e Benevides conseguiria recuperar o Brasil e Luanda, embora Portugal tenha perdido para sempre a proeminência na Ásia. Os Holandeses, temendo perder os territórios já conquistados, acabariam por selar definitivamente a paz em 1663.

África e o Império Colonial Português (1822-1975)

Mapa Cor-de-Rosa reclamando a soberania de Portugal nos territórios entre Angola e Moçambique.Após a perda do Brasil, com a independência em 1822, Portugal teve de enfrentar as potências europeias para conservar o resto do seu fragmentado Império: as ilhas de Cabo Verde e de São Tomé e Príncipe, a Guiné continental, as costas da Angola e de Moçambique, as possessões portuguesas nas Índias, Macau e Timor.

Em 1842 Portugal pôs fim ao tráfico negreiro no Império e em 1869 aboliu a escravidão. Esta decisão foi rapidamente contrabalançada por uma legislação trabalhista insistindo na necessidade do trabalho indígena nos campos de algodão ou nas obras públicas. Este trabalho forçado tornou-se numa das características do sistema colonial português ao mesmo título que a «missão civilizadora» até ao fim dos anos 1950 do século XX. Além de serem obrigados ao trabalho e ao pagamento de impostos, as pessoas afectadas, até 1961, pelo estatuto legal de «indígenas» estiveram excluídas da categoria de cidadãos ao qual pertenciam os africanos «integrados» e os colonos europeus.

No final do século XIX, com o crescente interesse das potências europeias por África, tornou-se claro que Portugal deveria também definir uma nova política africana, já que a crescente presença inglesa, francesa e alemã no continente ameaçava a tradicional hegemonia portuguesa.

Predominando em Portugal a visão colonial baseada no "direito histórico" alicerçado na primazia da ocupação, Portugal reclamou vastas áreas do continente africano, entrando em colisão com as restantes potências.

A partir da década de 1870 ficou claro que o direito histórico não seria suficiente e que a presença portuguesa dependia do alargamento para o interior das possessões reclamadas.

Nesse contexto, a Sociedade de Geografia de Lisboa[15] organizou uma subscrição para manter "estações civilizadoras" na zona de influência portuguesa no interior do continente, numa ampla faixa que ligava a costa à contra-costa, de Angola a Moçambique. Nascia assim o chamado Mapa Cor-de-Rosa.

Para sustentar as reivindicações constantes no mapa cor-de-rosa foram planeadas explorações ao interior da África, que levaram às famosas expedições de Hermenegildo Capelo, Roberto Ivens e Serpa Pinto, entre 1877 e 1885, que mapearam e estudaram o território.

Na Conferência internacional de Berlim (1884–1885), convocada para dirimir os múltiplos conflitos e fixar as zonas de influência de cada potência em África, Portugal perdeu o controlo da foz do rio Congo para Leopoldo II da Bélgica e voltou-se para as terras interiores da Angola e do Moçambique, empreendendo nestas terras várias campanhas de «pacificação».

A expansão colonial africana terminou com o Ultimato britânico de 1890: sob pressão dos Reino Unido Portugal teve de retirar-se e abandonar as suas pretensões nos territórios entre Angola e Moçambique.[16]

Em 1911, após o fim da monarquia, emprestando dos britânicos um método de administração indirecta, mas também influenciados pelos franceses, os republicanos deram às suas possessões d'além-mar o nome de colónias, às quais se adicionam uma certa autonomia financeira e administrativa, moderadas entretanto pelo Acto Colonial centralizador de 1930.

A partir de 1946, como forma política de evitar que Portugal fosse considerado uma potência colonial nos fóruns internacionais, e na esperança de preservar um Portugal intercontinental, o Estado Novo passou a designadar as colónias por províncias d'além-mar ou províncias ultramarinas, considerando que esses territórios não eram colónias, mas sim parte integrante e inseparável de Portugal, como uma "Nação Multirracial e Pluricontinental"..[17]

Presença portuguesa no Oriente

Igreja de S. Francisco em Cochim, a mais antiga da Índia, construída em 1503.[18][19] Vasco da Gama, falecido em 1524 foi aqui sepultado inicialmente.A viagem comandada por Vasco da Gama até Calecute,[20] foi ponto de partida da implantação portuguesa na costa oriental africana e na Índia. O primeiro contacto deu-se a 20 de Maio de 1498. Após alguns conflitos com mercadores árabes que detinham o monopólio das rotas de especiarias, Vasco da Gama conseguiu uma carta de concessão ambigua para as trocas comerciais com o samorim de Calecute, aí deixando alguns portugueses para estabelecerem uma feitoria. Pouco depois, foi criada em Lisboa a Casa da Índia para administrar o monopólio régio da navegação e comércio com o Oriente.

O objectivo de Portugal no Oceano Índico foi o de assegurar o monopólio do comércio de especiarias. Jogando continuamente da rivalidade que opunha hindus e muçulmanos, os portugueses estabeleceram, entre 1500 e 1510, várias fortalezas e feitorias comerciais.

Em 1500 a segunda armada à Índia que vinha de descobrir o Brasil explorou a costa oriental africana, onde Diogo Dias descobriu a ilha a que deu o nome de São Lourenço, mais tarde designada Madagáscar. Esta armada, comandada por Pedro Álvares Cabral, chegou a Calecute em Setembro, onde assinou o primeiro acordo comercial na Índia. A feitoria portuguesa aí instalada teve contudo efémera duração: atacada pelos muçulmanos em 16 de dezembro, nela pereceram vários portugueses, entre os quais o escrivão Pero Vaz de Caminha. Após bombardear Calecute, Cabral seguiu para Cochim.

Beneficiando da rivalidade entre o marajá de Cochim e o samorim de Calecute, os portugueses foram bem recebidos e vistos como aliados na defesa, fundando em Cochim o forte (Forte Manuel) e posto comercial que seria a primeira colónia europeia na Índia. Aí construiram em 1503 a Igreja de São Francisco.[21] Em 1502 Vasco da Gama tomou a ilha de Quíloa, na costa da Tanzânia, onde em 1505 foi construída a primeira fortificação portuguesa da África Oriental para proteger as naus da carreira da Índia.

Em 1505 o rei D. Manuel I nomeou D. Francisco de Almeida[22] primeiro Vice-rei da Índia[23] por um triénio. Sedeada em Cochim iniciou-se a governação portuguesa no oriente. Nesse ano os portugueses tomaram Cananor onde fundaram a fortaleza de Santo Angelo e Lourenço de Almeida chega a Ceilão, actual Sri Lanka, onde descobre a origem da canela. Encontrando-o dividido em sete reinos rivais, estabelece um pacto de defesa com o reino de Kotte e, explorando as rivalidades internas, estende o controlo nas áreas costeiras, onde em 1517 seria fundada a fortaleza de Colombo.[24]


Fortaleza de Diu, a mais importante fortificação da Índia Portuguesa.Guzerate, Índia.
Forte de Nossa Senhora da Conceição de Ormuz, Irão.Em 1506 os portugueses, sob o comando de Tristão da Cunha e Afonso de Albuquerque, conquistam Socotorá na entrada do Mar Vermelho e em 1507 Mascate, seguindo a estratégia que pretendia fechar as entradas para o Índico. Nesse mesmo ano foram construidas fortalezas na Ilha de Moçambique e em Mombaça, na costa queniana.

Em 1509 é travada a batalha de Diu contra uma frota conjunta do Sultanato Burji do Cairo, do Sultão Otomano Beyazid II, do samorin de Calecute e do Sultão de Gujarat, com o apoio naval da República de Veneza e da República de Ragusa.[25] A vitória portuguesa foi determinante, marcando o início do domínio europeu no Índico. Com o poder dos otomanos seriamente abalado, os Portugueses conquistaram rapidamente localidades costeiras.

Já sob o governo de Albuquerque Goa foi tomada aos árabes em 1510 com o auxílio do corsário hindu Timoja. Cobiçada por ser o melhor porto comercial da região, entreposto de cavalos árabes para os sultanatos do Decão, permitia cumprir a vontade do Reino de não permanecer eterno hóspede de Cochim. Apesar de ataques constantes, Goa tornou-se a sede da presença portuguesa, sob nome de Estado Português da Índia, com a conquista a desencadear o respeito dos reinos vizinhos: Guzerate e Calecute enviaram embaixadas, oferecendo alianças, concessões e locais para fortificar. Albuquerque iniciou nesse ano em Goa a primeira cunhagem de moeda portuguesa fora do reino, aproveitando a oportunidade para anunciar a conquista.[26][27]

Inicialmente D. Manuel I e o conselho do reino tentaram distribuir o poder a partir de Lisboa, criando três áreas de jurisdição no Índico: Albuquerque seguira com a missão de tomar Hormuz, Aden e Calecute assegurando o domínio no mar Vermelho; Diogo Lopes de Sequeira fora enviado para o sudoeste asiático, com a missão de tentar um acordo com o sultão de Malaca; Jorge de Aguiar e, depois, Duarte de Lemos presidiam à área entre o Cabo da Boa Esperança e Guzerate.[28] Contudo estes cargos foram centralizados por Afonso de Albuquerque, que se tornou plenipotenciário, e assim permaneceram.

Em Abril de 1511 Albuquerque zarpou para Malaca, na Malásia, com uma força de cerca de 1 200 homens e 17 ou 18 navios.[29] Placa contornante do comércio com a China e com o sudeste asiático, a península de Malaca tornou-se então a base estratégica para a expansão portuguesa na Índia Oriental, sob o Estado Português da Índia cuja capital era Goa. Para defender a cidade foi erguido um forte cuja porta, denominada a "A Famosa", ainda subsiste. Vencido o sultanato de Malaca, Afonso de Albuquerque envia imediatamente Duarte Fernandes em missão diplomática ao Reino do Sião (Tailândia), onde é o primeiro europeu a chegar, dadas as pretensões siamesas em Malaca.[30] Em Novembro desse ano, ficando a saber a localização das chamadas "ilhas das especiarias" nas Molucas, as ilhas Banda, enviou uma expedição comandada por António de Abreu para as encontrar. Pilotos malaios guiaram-nos via Java, as Pequenas Ilhas de Sunda e da ilha de Ambão até Banda, onde chegaram no início de 1512.[31] Aí permaneceram, como primeiros europeus a chegar às ilhas, enchendo os seus navios com noz moscada e cravinho.[32] Abreu partiu por Ambão enquando o seu vice-comandante Francisco Serrão se adiantou para Ternate. Nesse mesmo ano, na Indonésia, os portugueses tomam Macáçar, chegando a Timor em 1514.[33][34]

Partindo de Malaca, Jorge Álvares chegou ao Sul da China em 1513. A esta visita seguiu-se a chegada a Cantão, onde foram estabelecidas feitorias portuguesas e onde mais tarde surgiria o entreposto de Macau.

No Golfo Pérsico os portugueses conquistam Ormuz em 1515 e, devido à posição estratégica na região, o Bahrein em 1521.

Entre 1522 e 1529, na sequência da viagem de circumnavegação de Fernão de Magalhães, os castelhanos contestaram o limite Este do Tratado de Tordesilhas, disputando as valiosas Molucas "berço de todas as especiarias" e as Filipinas com os portugueses. Em 1524 D. João III e Carlos I de Espanha selaram o Tratado de Saragoça, que definia a continuação do meridiano de Tordesilhas no hemisfério oposto, a leste das ilhas Molucas, cedidas pela Espanha mediante o pagamento de 350.000 ducados de ouro.

Em 1533 Portugal conquista Baçaim, a cerca de 50 km de Bombaim. Em 1534, Guzerate foi ocupada pelos mogóis e o sultão Bádur Xá de Guzerate foi forçado a firmar o tratado de Baçaim com os portugueses, onde estabelecia uma aliança para recuperar o seu país, cedendo em troca Damão, Diu, Bombaim e Baçaim.[35]

Em 1538 a fortaleza de Diu é novamente cercada por 54 navios otomanos. Um outro cerco falhado em 1547 poria fim às ambições otomanas, confirmando a hegemonia portuguesa.


Mapa da Ásia e oceania c.1550Em 1542 o missionário jesuíta Francisco Xavier chegou a Goa ao serviço de D. João III, para ocupar o cargo de Núncio Apostólico, viajando com o novo vice-rei. No ano seguinte Francisco Zeimoto e outros comerciantes aportam no Japão pela primeira vez. Segundo Fernão Mendes Pinto, que terá participado nesta viagem, chegaram à ilha de Tanegashima, onde espantaram os autóctones com a novidade das armas de fogo e do relógio, que viriam a ser de imediato fabricados pelos japoneses em grande escala.[36]

Em 1550 iniciaram-se os primeiros contactos com Macau. Em 1557 as autoridades locais autorizaram os portugueses a estabelecer-se mediante um pagamento anual, fazendo de Macau um entreposto no comércio triangular entre a China, o Japão e a Europa.

Em 1570 os portugueses compraram um porto japonês onde fundaram a cidade de Nagasaki,[37] criando assim um centro comercial que durante muitos anos seria a porta do Japão para o mundo.

O Império comercial

Rotas comerciais portuguesas de Lisboa a Nagasaki entre 1580-1640 (vermelho). E a rota comercial alternativa espanhola, criada em 1565, o chamado galeão de Manila(amarelo)O Império Português em África e no Oriente foi essencialmente marítimo e comercial, localizado em regiões costeiras. A vasta rede de feitorias e fortalezas facilmente abastecíveis por mar,[38] reforçadas pela acção das missões religiosas em terra, permitiram aos portugueses controlar e dominar o comércio de especiarias, de pedras preciosas, da seda e da porcelana. Lisboa era o "empório" da Europa.

Em Lisboa a "Casa da Índia" administrava o monopólio da navegação e do comércio com o oriente, mantendo a Coroa como reguladora. Criada entre 1500 e 1503,[39] foi sucessora de instituições semelhantes, como a Casa da Guiné e a Casa da Mina, para acompanhar a expansão comercial no oriente.

A Casa da Índia administrava as exportações para Goa, centro do império oriental, o desembarque de mercadorias orientais e a sua venda em Lisboa. O monopólio régio incidia sobre as principais especiarias - pimenta, cravinho e canela e exportação de cobre, com grande procura na Índia- cobrando uma taxa de 30% no lucro dos restantes produtos. A distribuição na Europa era feita através da Feitoria Portuguesa de Antuérpia.


Basílica do Bom Jesus, Goa Velha, Património Mundial da UNESCO, onde se encontra desde 1655 o túmulo de S. Francisco Xavier.
Carraca Portuguesa. Painel japonês do período Nanban do Japão.Em 1506 cerca de 65% dos proveitos do reino vinham de taxas sobre as actividades além-mar. Em 1518 só o lucro das especiarias[40] representava 39% da receita da Coroa,[41] o que levaria Francisco I de França a apelidar D. Manuel I de Portugal "le roi épicier", ou seja, "o rei merceeiro".

Ao longo de cerca de 30 anos, de 1503 a 1535, os portugueses conseguiram ultrapassar o comércio de especiarias veneziano do Mediterrâneo,[42] projectando Antuérpia como grande centro comercial da Europa. O estilo Manuelino atesta ainda hoje prosperidade do reino em obras como o Mosteiro dos Jerónimos, encomendado pelo rei D. Manuel I e iniciado em 1502, pouco depois de Vasco da Gama ter regressado da Índia. Financiado em grande parte pelos lucros do comércio de especiarias, grande parte da sua construção seria realizada até 1540, no reinado de D. João III.

A receita começou a declinar em meados do século, devido aos custos da presença em Marrocos e a gastos perdulários. Portugal não desenvolvera as infraestruturas domésticas para acompanhar a actividade, confiando em serviços exteriores para suportar as suas actividades comerciais, fazendo com que grande parte da receita se dissipasse no processo.

No oriente desde 1510, a política do governador-geral Afonso de Albuquerque encorajou os casamentos mistos, permitindo o aparecimento de uma comunidade euroasiática em Goa.

Além do comércio com a Europa, os portugueses encontraram um lucrativa fonte de rendimento no comércio triangular China-Macau-Japão.[43] Desde a sua fundação Macau cresceu à custa deste lucrativo comércio, baseado na troca de seda e ouro da China por prata do Japão, iniciado a partir de 1540, quando os mercadores portugueses começaram a vender os produtos chineses ao Japão.

Em apenas uma década, Macau tornou-se no entreposto e intermediário-chave no comércio entre a China e o Japão, especialmente quando as autoridades chinesas proibiram o comércio directo com o Japão por mais de cem anos. Nestas circunstâncias, os portugueses ganharam o monopólio, fazendo de Macau uma grande cidade comercial que atingiria o seu auge durante os finais do século XVI e os inícios do século XVII.

No Japão, a actividade comercial em Nagasaki originaria o período de comércio Nanban durante o qual uma intensa interação com os europeus ocorreu tanto a nível econômico como religioso.

Em 1549, após um pico especulativo, a Feitoria Real de Antuérpia faliu e foi encerrada.[44] O trono confiava crescentemente no financiamento externo e em 1560 a receita da Casa da Índia não era suficiente para cobrir as suas despesas: a monarquia tinha entrado em ruptura. A política portuguesa de monopólio real foi atenuada em 1570 e seria abandonada em 1642, com a crise sucessória e a dinastia filipina, passando a Casa da Índia a ter um carácter de alfândega.

[ Dinastia Filipina e guerra luso-holandesa (1580-1663)

Ruínas de São Paulo, Macau.A morte de Dom Sebastião em Alcácer Quibir, sem descendência, fez passar a coroa em 1580 para os Habsburgos da Espanha. Durante este período, o império do Oriente viu-se envolvido nas guerras que a Espanha travava com os ingleses e os holandeses. Ao longo do século XVII, na guerra Luso-Holandesa os holandeses tomaram sistematicamente possessões portuguesas, aliando-se por sua vez com os dirigentes locais, e desmantelando o monopólio comercial português na Ásia.

Em 1592, considerando suspenso a aliança Luso-Britânica de 1373 e em plena guerra com Espanha, uma frota inglesa interceptou ao largo dos Açores uma frota vinda da Índia, capturando a Nau portuguesa Madre de Deus de grande tonelagem. Com 1600 toneladas (das quais 900 de mercadorias) tinha 3 vezes o tamanho do maior navio inglês e uma tripulação de 600 a 700 homens. Entre as riquezas estavam jóias, ouro e prata, âmbar, rolos de tecido e tapeçaria, 425 toneladas de pimenta, cravo da Índia, canela, cochonilha, ébano, noz-moscada, benjamim. Havia ainda incenso, sedas, damasco, tecido de ouro, porcelana chinesa e presas de elefante entre outros. E o maior tesouro: um documento impresso em Macau em 1590, contendo informação sobre o comércio português na China e no Japão. Richard Hakluyt relatou-o tratado como a mais preciosa das jóias. Quando Isabel I de Inglaterra foi informada do sucedido enviou Sir Walter Raleigh para reclamar o seu quinhão. O valor estimado da carga equivalia a metade do tesouro inglês na altura. Quando Raleigh restaurou a ordem já só sobrava cerca de um quarto. A Madre de Deus seria um dos maiores saques da História, galvanizando o interesse inglês na região.

Os confrontos com os Holandeses no oriente iniciaram-se em 1603, quando a carraca portuguesa "Santa Catarina", carregada de valiosas mercadorias, foi capturada ao largo de Singapura pela recém criada Companhia Holandesa das Índias Orientais, ou VOC. O feito, um saque que duplicava o capital inical da VOC, gerou protestos internacionais mas serviu de pretexto para contestar a política ibérica de Mare Clausum, advogando o "Mare Liberum", uma sustentação ideológica para que os holandeses quebrassem os monopólios comerciais, utilizando a sua potência naval para estabelecer o seu próprio monopólio.

Em 1605 mercadores da VOC capturaram o forte português de Amboina, seguindo-se Ternate, nas ilhas Molucas. Em 1619, fundaram Batávia (actual Jacarta) na Indonésia, tornando-a capital do seu império no Oriente. Nos vinte anos seguintes Goa, sob cercos desde 1603, e Batávia batalharam incessantemente entre si, como capitais rivais dos Estado Português da Índia e da VOC. No médio oriente os Persas, com a ajuda dos ingleses, expulsaram os portugueses do Bahrein em 1602 e de Ormuz em 1622.

Macau sofreu ataques holandeses desde 1603 a 1622, ano em que resistiu a uma tentativa de conquista após dois dias de combate. Os portugueses de Macau viram com preocupação a subida de Filipe II ao trono, temendo perder o monopólio no comércio ou a expulsão do território pelos chineses. Em 1583 criaram o Senado para garantir a autonomia e mantiveram a bandeira portuguesa. Fulcral no comércio entre a China, a Europa e o Japão, Macau atingiu a sua "idade de ouro" durante a união espanhola, de 1595 a 1602. Devido à crescente prosperidade foi elevada a cidade em 1586 por Filipe II. Além da exclusividade portuguesa do comércio com o Japão, a sua posição estratégica permitia beneficiar das rotas comerciais portuguesas e espanholas, como o Galeão de Manila, a rota alternativa que ligara Manila a Acapulco e a Espanha desde 1565, e tornara-se fulcral quando os Holandeses começaram a perturbar as rotas de Goa e Malaca. Os espanhóis sedeados em Manila tentaram sem sucesso acabar com a posição privilegiada portuguesa: em 1589, com a criação de uma rota comercial Macau-Acapulco, chegaram a pedir a destruição de Macau e transferência do comércio de prata e de seda entre o Japão e a China para Manila. O comércio com o Japão terminaria abruptamente em 1638-1639, com as políticas de isolamento do xogum Tokugawa Iemitsu, afectando seriamente a economia de Macau, que entrou rapidamente em declínio. Mais tarde, D. João IV recompensaria a lealdade de Macau com o título Não Há Outra Mais Leal, passando esta cidade a ser designada por Cidade do Santo Nome de Deus de Macau, Não Há Outra Mais Leal.

Em 1640 começou a Guerra da Restauração em Portugal. Com o fim da União Ibérica João IV de Portugal ascendeu ao trono. O rei enviou embaixadores a França, Inglaterra e à holanda, visando formar parcerias na luta contra a Espanha. Foi firmado o Tratado de Haia (1641), estabelecendo uma trégua de dez anos entre o Reino de Portugal e a Holanda. Foi um Tratado de Aliança Defensiva e Ofensiva entre ambas as partes. Na prática, a trégua firmada para todos os territórios de ambos impérios, limitou-se ao continente europeu, sendo ignorada por ambas as partes no resto do mundo:

Malaca foi conquistada pelos holandeses da VOC em 1641, no culminar da guerra, constituindo o maior golpe, ao privar o império português do controlo do estreito.

Em 6 de Abril de 1652, o mercador da VOC Jan van Riebeeck estabeleceu um posto de reabastecimento próximo do Cabo da Boa Esperança que evoluiu para se tornar na Cidade do Cabo, permitindo aos holandeses dominar a rota do cabo, fazendo a navegação directa desde o Cabo da Boa Esperança até ao estreito de Sunda, na Indonésia.


Mapa mostrando a posição possessões europeias na Índia e Sri Lanka (Ceilão) Sri Lanka, entre 1501 e 1739.Ceilão foi perdida em 1658, Cochim em 1662 e a costa de Malabar em 1663, quebrando um segundo acordo de paz, o Tratado de Haia de 1661.[45] Ano em que Bombaim e Tânger foram cedidas à Inglaterra como dote do casamento entre a princesa Catarina de Bragança e Carlos II de Inglaterra.

A desactualizada administração do império, a falta de recursos humanos, económicos e militares para uma efectiva ocupação, a reorganização do comércio por parte dos Turcos e dos Árabes, com novas rotas de transporte dos produtos orientais (as "Rotas do Levante"), a pirataria e o corso, e, sobretudo o aumento da capacidade económica, militar e naval de potências europeias como a Inglaterra e a Holanda, que estabelecera o seu império sobre os territórios conquistados aos portugueses com vastas rotas comerciais, ditaram do monopólio Português no Oriente.

Do seu império fragmentado, Portugal só conseguiu conservar não muito mais do que Goa, Damão, Diu, Macau e Timor Oriental.

Na Índia vários territórios foram, entretanto, perdidos para os maratas até 1739, mantendo-se as designadas "Velhas Conquistas", quatro concelhos de Goa incorporados no Estado Português da Índia desde o início do domínio português. Entre 1713 e 1788, a superfície de Goa triplica com a incorporação das Novas Conquistas: Portugal apoderou-se de Dadrá e Nagar-Haveli, num grupo de sete concelhos, ao sul, ao norte e a leste, que foram acrescentados ao Estado Português da Índia. Em 1787 dá-se a chamada "Conjuração dos Pintos", uma tentativa de derrubar o regime português em Goa, com vários clérigos e militares, naturais da região, sentiam-se discriminados nas promoções de suas carreiras, por motivos raciais. O grupo dos conspiradores era liderado pelo padre José António Gonçalves de Divar, e incluía o nome de José Custódio Faria, conhecido como "Abade Faria". Denunciada, a conspiração foi reprimida pelas autoridades portuguesas. O padre Divar conseguiu escapar e viria a morrer em Bengala. O Abade Faria escapou para a França, onde alcançaria a fama.

Houve dois curtos períodos de dominação britânica (1797-1798 e 1802-1813) e poucas outras ameaças externas após este período.

Presença portuguesa no Brasil

Ver artigo principal: História do Brasil

Em 1499 na segunda armada à Índia, a mais bem equipada do século XV, Pedro Álvares Cabral afastou-se da costa africana. A 22 de abril de 1500 avistou o Monte Pascoal no litoral sul da Bahia. Oficialmente tida como acidental, a descoberta do Brasil originou a especulação de ter sido preparada secretamente.[46] O território conseguira fazer parte dos domínios portugueses renegociando a demarcação inicial da Bula Inter Coetera de 1493, quando D. João II firmou o Tratado de Tordesilhas em 1494, que movia mais para oeste o meridiano que separava as terras de Portugal e de Castela.

Até 1501 a Coroa portuguesa enviou duas expedições de reconhecimento.[47] Confirmando a descrição de Pero Vaz de Caminha, de que "Nela até agora não podemos saber que haja ouro nem prata, nem alguma coisa de metal nem de ferro lho vimos; pero a terra em si é de muitos bons ares, assi frios e temperados como os d'antre Doiro e Minho", encontrou-se como principal recurso explorável uma madeira avermelhada, valiosa para a tinturaria europeia, que os tupis chamavam ibirapitanga e a que foi dado o nome pau-brasil. Nesse mesmo ano o rei D. Manuel I decide entregar a exploração a particulares, adotando uma política de concessões de três anos: os concessionários deveriam descobrir 300 léguas de terra por ano, instalar aí uma fortaleza e produzir 20.000 quintais de pau-brasil..[48]


Pau-brasil (Caesalpinia echinata) florido, jardim botânico de São Paulo.Em 1502 um consórcio de comerciantes financiou uma expedição, que terá sido comandada por Gonçalo Coelho, para aprofundar o conhecimento sobre os recursos da terra, estabelecer contactos com os ameríndios e principalmente fazer o mapeamento da parte situada aquém do Meridiano de Tordesilhas, por isso pertencente à coroa portuguesa.

Em 1503, todo o território foi arrendado pela coroa para exploração do pau-brasil aos comerciantes que financiaram a expedição, entre eles Fernão de Noronha, que seria representante do banqueiro Jakob Fugger, que vinha financiando viagens portuguesas à Índia. Em 1506 produzia cerca de 20 mil quintais de pau-brasil, com crescente demanda na Europa, cujo preço elevado tornava a viagem lucrativa.[49] Os navios ancoravam na costa e recrutavam índios para trabalhar no corte e carregamento, em troca de pequenas mercadorias como roupas, colares e espelhos (prática chamada "escambo"). Cada nau carregava em média cinco mil toras de 1,5 metro de comprimento e 30 quilogramas de peso. O arrendamento foi renovado duas vezes, em 1505 e em 1513. Em 1504, como reconhecimento, o rei D. Manuel I doou a Fernão de Noronha a primeira capitania hereditária no litoral brasileiro: a ilha de São João da Quaresma, atual Fernando de Noronha.

Nas três primeiras décadas o Brasil teria um papel secundário na expansão portuguesa, então centrada no comércio com a Índia e para o Oriente.[46] O litoral servia fundamentalmente como apoio à carreira da Índia, em especial a Baía de Todos-os-Santos onde as frotas se abasteciam de água e lenha, aproveitando para fazer pequenos reparos. No Rio de Janeiro, junto à foz do rio foi erguida uma construção inspirou o nome que os índios deram ao local: "cari-oca", casa dos brancos.

Comerciantes de Lisboa e do Porto enviavam embarcações à costa para contrabandearem pau-brasil, aves de plumagem colorida (papagaios, araras), peles, raízes medicinais e índios para escravizar. Surgiram, assim, as primeiras feitorias. A cultura da cana-de-açúcar foi introduzida a partir de 1516 e as grandes plantações na Bahia e em Pernambuco exigiriam um número crescente de escravos negros da Guiné, do Benim e da Angola.

As Capitanias hereditárias e o primeiro Governo Geral (1532-1580)

Ver artigo principal: Capitanias do Brasil

Mapa de Luís Teixeira (c. 1574) com a divisão do Brasil em 12 capitanias e a linha de Tordesilhas deslocada dez graus para oeste.Desde as expedições de Gonçalo Coelho que se assinalavam incursões de franceses no litoral brasileiro..[50] A partir de 1520, os portugueses apercebem-se que a região corria o risco ser disputada, dada a contestação do Tratado de Tordesilhas por Francisco I de França, que incentivava a prática do corso. O aumento do contrabando de pau-brasil e outros géneros por corsários, desencadearam um esforço de colonização efectiva do território.

Em 1532 D. João III instituiu o regime de capitanias hereditárias, promovendo o povoamento através das sesmarias, como se fizera com sucesso nas ilhas da Madeira e de Cabo Verde. Foram criadas quinze faixas longitudinais que iam do litoral até o Meridiano das Tordesilhas. Este sistema envolvia terras vastíssimas, doadas a capitães-donatários que possuíssem condições financeiras para custear a colonização. Cada capitão-donatário e governador deveria fundar povoamentos, conceder sesmarias e administrar a justiça, ficando responsável pelo seu desenvolvimento e arcando com as despesas de colonização, embora não fosse proprietário: podia transmiti-la aos filhos, mas não vendê-la. Os doze beneficiários eram elementos da pequena nobreza de Portugal que haviam se destacado nas campanhas da África e na Índia, altos funcionários da corte, como João de Barros e Martim Afonso de Sousa. Das quinze capitanias originais (a dois meses de viagem de Portugal) apenas as capitanias de Pernambuco e de São Vicente prosperaram. Ambas se dedicaram à lavoura de cana-de-açúcar e, apesar dos problemas comuns às demais, os donatários Duarte Coelho e os representantes de Martim Afonso de Sousa, conseguiram manter os colonos e estabelecer alianças com os indígenas.

Percebendo o risco que corria o projeto de colonização, a Coroa decidiu centralizar a organização da Colónia. Com a finalidade de "dar favor e ajuda" aos donatários, o rei criou em 1548 o Governo Geral, enviando como primeiro governador-geral Tomé de Sousa. Resgatou dos herdeiros de Francisco Pereira Coutinho a Capitania da Baía de Todos os Santos, transformando-a na primeira capitania real, sede do Governo Geral. Esta medida não implicou a extinção das capitanias hereditárias.


Esquema do ataque de Mem de Sá aos franceses na baía de Guanabara em 1560 (autoria desconhecida, 1567).O governador-geral passou a assumir muitas funções antes desempenhadas pelos donatários. Tomé de Sousa fundou a primeira cidade, Salvador (Bahia), capital do estado. Trouxe três ajudantes para ocupar os cargos das finanças, da justiça e da defesa do litoral. Vieram também padres jesuítas, para catequese dos indígenas. Em 1551, foi criado o 1º Bispado do Brasil. Foram também instaladas as Câmaras Municipais, compostas pelos "homens bons": donos de terras, membros das milícias e do clero. Sob o governo de Tomé de Sousa que chegou ao Brasil um considerável número de artesãos. De início trabalharam na construção da cidade de Salvador e, depois, na instalação de engenhos na região.

Os governadores seguintes, Duarte da Costa (1553 - 1557) e Mem de Sá (1557 - 1572), reforçaram a defesa das capitanias, fizeram explorações de reconhecimento e tomaram medidas no sentido de reafirmar a colonização, enfrentando choques com índios e com invasores, especialmente os franceses, que em 1555 trazidos por Nicolas Durand de Villegagnon ocuparam o território o Rio de Janeiro, onde tentaram estabelecer uma colónia, a França Antártica. A ocupação francesa perduraria até 1567, ano em que foram definitivamente derrotados, estabelecendo-se em definitivo a hegemonia portuguesa. Surgiram ainda conflitos com o bispo, e com os próprios jesuítas que se opunham à escravidão indígena, e entre antigos e novos colonos.

União ibérica, divisão e invasões holandesas (1580-1663)

Ver artigos principais: Bandeirantes, Invasões holandesas do Brasil.
Com a união das Coroas de Espanha e Portugal, resultante da crise de sucessão de 1580 em Portugal, terminaram os limites do meridiano de Tordesilhas, permitindo expandir o território do Brasil para oeste. Foram então realizadas expedições ao interior tanto por ordem da Coroa, as "entradas", como por particulares, os "bandeirantes". Estas expedições exploratórias duravam anos, em busca de riquezas minerais, sobretudo a prata abundante na América espanhola e indígenas para escravização. A União Ibérica colocou contudo o império português em conflito com potências europeias rivais de Espanha, como a Holanda. Em 1595 iniciou-se a guerra Guerra Luso-Holandesa.

Inicia-se então um grande desenvolvimento da agricultura. A economia da colónia gradualmente passara à produção da cana-de-açúcar e do cacau em grandes propriedades, com o engenho de açúcar como peça principal especialmente na Bahia, Pernambuco, e mais tarde no Rio de Janeiro. Com uma produção muito superior à das ilhas Atlânticas, o açúcar brasileiro supria quase toda a Europa e no início do século XVII era exportado para Lisboa, Antuérpia, Amsterdão, Roterdão, Hamburgo. Gabriel Soares de Sousa comentava o luxo reinante na Bahia, com capelas magníficas e refeições em louça da Índia, que servia de lastro nos navios. Para sustentar a produção a partir de meados do século XVI, começaram a importar-se africanos como escravos. Até então os portugueses possuíram o monopólio do tráfico de escravos, mas com o crescimento das suas colónias franceses, holandeses e ingleses entraram no negócio, enfraquecendo a participação portuguesa. Capturados entre tribos em África, por vezes com a conivência de chefes rivais, atravessavam o Atlântico em navios negreiros, em péssimas condições. Nas senzalas os seus filhos também eram escravizados, perpetuando a situação.

Em 1621 o Brasil é dividido em dois estados independentes: o Estado do Brasil, de Pernambuco à atual Santa Catarina, e o Estado do Maranhão, do atual Ceará à Amazônia, resultado do destacado papel como ponto de apoio para a colonização do norte e nordeste. Em ambos os estados, os chamados de "portugueses do Brasil" estavam sujeitos às mesmas leis que regiam os residentes em Portugal: as Ordenações manuelinas e as Ordenações filipinas.


"Planta da restituição da Bahia" (João Teixeira Albernaz, o velho, 1631).Em 1624 a recentemente criada Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, ou WIC, conquista a cidade de Salvador (Bahia), capital do Estado do Brasil. O Governador é capturado e o governo passa para as mãos de Johan van Dorth. A resistência portuguesa reorganiza-se a partir do Arraial do rio Vermelho. Em 1625 a Coroa espanhola envia uma poderosa armada luso-espanhola, conhecida como Jornada dos Vassalos. Esta bloqueia o porto de Salvador, consegue a rendição holandesa e a recuperação da Bahia.

Em 1630 a capitania de Pernambuco é conquistada pela WIC. O território ocupado é renomeado Nova Holanda, abrangendo sete das dezenove capitanias do Brasil à época. João Maurício de Nassau-Siegen foi nomeado Governador da colônia. O avanço holandês nas duas costas do Atlântico Sul a partir do fim do século XVI ameaçou fortemente as possessões portuguesas. Os holandeses apoderaram-se sucessivamente do Recife (1630), de São Jorge da Mina (1637), de Arguim (1638) e de São Tomé (1641). No entanto, a maior parte do Brasil permaneceu em mãos portuguesas, que foram uma constante ameaça ao domínio holandês.

Nessa época foram fundados os quilombos, como o Quilombo dos Palmares, liderado por Zumbi, que congregava milhares de negros fugidos dos engenhos de cana do Nordeste brasileiro e alguns índios e brancos pobres ou indesejáveis. Este "submundo" foi destruído por bandeirantes portugueses comandados por Domingos Jorge Velho.

Em 1640 uma armada luso-espanhola falhou o desembarque em Pernambuco, sendo destruída perto de Itamaracá. A guerra recomeçou. No mesmo ano começou a Guerra da Independência de Portugal, a União Ibérica termina[51] e D. João IV de Portugal ascende ao trono. Em 1642, Portugal concedeu à Inglaterra a posição de "nação mais favorecida" no comércio colonial.

1645 eclode a Insurreição Pernambucana de luso-brasileiros descontentes com a administração da WIC. Nesse ano o Brasil foi elevado a Principado. Entre 1648-1649 são travadas as Batalhas dos Guararapes, vencidas pelos luso-brasileiros no Estado de Pernambuco. A primeira batalha ocorreu em 19 de Abril de 1648, e a segunda em 19 de Fevereiro de 1649. As forças lideradas pelos senhores de engenho André Vidal de Negreiros e João Fernandes Vieira, pelo africano Henrique Dias e pelo indígena Felipe Camarão, terminam as invasões holandesas do Brasil, embora a guerra continuasse noutras partes do império. Entre 1645 e 1654, os colonos recifenses(também chamados leões do norte) luso-brasileiros, comandados por Salvador Correia de Sá, expulsaram-nos do Brasil e recuperaram Recife.

Em 1648, no Rio de Janeiro, Salvador Correia de Sá e Benevides preparou uma frota de 15 navios sob o pretexto de levar ajuda aos portugueses sitiados pelos guerreiros da rainha Nzinga em Angola. Partiu do Rio de Janeiro a 12 de Maio e, através de contactos com Jesuitas, conseguiram reconquistar Luanda em 15 de Agosto. A campanha prolongou-se de 1648 a 1652, recuperando Angola e a ilha de São Tomé para os portugueses.

Em 26 de Janeiro de 1654 é assinada a capitulação holandesa no Brasil, Capitulação do Campo do Taborda, no Recife, de onde partiram os últimos navios holandeses.

Em meados do século XVII, o açúcar produzido nas Antilhas Holandesas começou a concorrer fortemente na Europa com o açúcar do Brasil. Os holandeses tinham aperfeiçoado a técnica no Brasil, e dominavam o transporte e distribuição em toda a Europa. Portugal foi obrigado a recorrer à Inglaterra. Em 1654 Portugal aumentou os direitos ingleses, que poderiam negociar diretamente vários produtos do Brasil com Portugal e vice-versa.

Em 1661 a Inglaterra comprometeu-se a defender Portugal e colônias em troca de dois milhões de cruzados, obtendo ainda as possessões de Tânger e Bombaim, cedidas como dote do casamento entre a princesa Catarina de Bragança e Carlos II de Inglaterra. Nesse ano é assinado o segundo Tratado de paz de Haia com os holandeses: Portugal aceitou as perdas na Ásia, comprometendo-se a pagar oito milhões de Florins, equivalente a sessenta e três toneladas de ouro, como compensação pelo reconhecimento da soberania portuguesa do Nordeste brasileiro, ex-Nova Holanda. Este valor foi pago em prestações, ao longo de quarenta anos e sob a ameaça de invasão da Marinha de Guerra.

O Ciclo do Ouro (1693-1800)

Ver artigo principal: Ciclo do Ouro

Cidade de Ouro Preto, Património Mundial da UNESCO. Minas Gerais, Brasil.
Talha dourada barroca, Igreja e Convento de São Francisco (Salvador) (1708-1752).No fim dos confrontos com os holandeses, embora conseguindo recuperar o Brasil e territórios em África, Portugal perdeu para sempre a proeminência no Oriente. Assim, ao longo do século XVII, o Brasil começou a ganhar uma importância crescente no império, para o qual exportava pau-brasil e açúcar.

A partir de 1693 as atenções centraram-se na Capitania do Espírito Santo, na região que ficaria conhecida como Minas Gerais, onde bandeirantes paulistas haviam descoberto ouro.[52] As primeiras descobertas importantes na serra de Sabarabuçu e o início da exploração nas regiões auríferas (Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás) provocaram uma verdadeira "corrida do ouro", com grande afluxo migratório para estas regiões. Em 1696 foi fundada a povoação se tornou a vila de Minas Gerais em 1711, novo centro económico da colónia, com rápido povoamento e alguns conflitos.[53]

Este Ciclo do Ouro permitiu a criação de um mercado interno e atraiu uma grande quantidade de imigrantes. A população cresceu 750% entre 1650 a 1770. A população de Minas Gerais rapidamente se tornou a maior do Brasil, contribuindo para o povoamento do interior. 78% desta população era formada por negros e mestiços, destacando-se também os cristãos-novos vindos do norte de Portugal e das Ilhas dos Açores e Madeira, importantes no comércio colonial nos povoados em volta de Ouro Preto e Mariana.

A corrida ao ouro aumentou consideravelmente as receitas da coroa, que cobrava um quinto de todo o minério extraído, o que passou a ser conhecido como "o quinto". Os desvios e o tráfico eram frequentes, pelo que instituiu toda uma burocracia de controlo.[54]

Na correspondência do embaixador francês em Lisboa, Rouillé, há a primeira menção ao ouro chegado na frota em 1697 - 115,2 quilos. Faltam elementos para julgar o ouro entrado no Reino de 1698 a 1703, mas Godinho sem citar a fonte menciona, em 1699, 725 quilos e, em 1701, 1.785 quilos. A produção aurífera terá passado de 2 toneladas por ano em 1701 para 14 toneladas nos anos 1750, mas depois começou a declinar fortemente até se esgotar antes do fim do século. O ouro ultrapassou em lucro os outros produtos do comércio e permitiu a prosperidade do Rio de Janeiro. A importância económica do Brasil para Portugal, teria levado D. João IV a referir-se ao Brasil como a "vaca leiteira do Reino".[55]

No final da década de 1720, descobriram-se também diamante e outras gemas preciosas. O ouro abundante nos ribeirões esgotou-se e passou a ser mais penosamente buscado em veios dentro da terra, com as condições de vida dos escravizados na região mineira particularmente difíceis. Apareceram metais preciosos em Goiás e no Mato Grosso, no século XVIII.

O tratado de Madrid (1750) definiu as fronteiras entre o Brasil e o resto dos territórios espanhóis, mas os conflitos continuam frequentes ao respeito da colónia do Sacramento, até que Portugal a renunciou no Tratado de Santo Ildefonso (1777). O século XVIII foi marcado por uma maior centralização e aumento do poder real por todo o Império Português; o poder dos jesuítas, então protectores dos Índios ante a escravidão, foi brutalmente suprimido por Marquês de Pombal com a dissolução desta ordem religiosa católica sob solo português em 1759. Em 1774, os dois Estados do Brasil e do Grão-Pará e Maranhão fundiram-se numa só entidade administrativa. Os colonos começam a manifestar uma certa insatisfação face às autoridades de Lisboa.

A decadência da mineração tornou difícil pagar os impostos exigidos pela Coroa. Em 1789, quando se anunciava a derrama, um imposto de 20% do valor do ouro retirado, eclodiu em Ouro Preto a Inconfidência Mineira. A revolta que partiu da elite de Minas Gerais fracassou e, em 1792, um dos seus líderes, Tiradentes, foi enforcado.[56] Dez anos mais tarde seguiu-se a Conjuração Baiana em Salvador, um movimento que partiu da camada humilde da sociedade da Bahia, com grande participação de negros, mulatos e alfaiates, por isso também é conhecida como Revolta dos Alfaiates, que pregavam a libertação dos escravos, a instauração de um governo igualitário com a instalação de uma República na Bahia, que seria detida em 12 de Agosto de 1798. Estes dois movimentos manifestavam já a intenção de proclamar a independência, inspirados nos ideais iluministas da França e na recente independência norte-americana.

Mudança da Corte e Independência do Brasil (1807-1825)

Ver artigo principal: Independência do Brasil

Em Novembro de 1807, refugiando-se das tropas de Napoleão Bonaparte, a coroa portuguesa mudou-se para o Brasil. Dom João VI chegou ao Rio de Janeiro em 1808 com uma comitiva de 15.000 pessoas, após uma aliança secreta com a Inglaterra, que acordou pôr a salvo a família real e o governo português, escoltando os navios no caminho.[57] Instalaram-se no Paço da Cidade, residência dos governadores desde 1743.


Primeira Carta Régia, de 1808, com o Decreto de Abertura dos Portos às Nações Amigas.Quatro dias após a chegada, ainda na Bahia, o Príncipe assinou a primeira carta régia com o Decreto de Abertura dos Portos às Nações Amigas, acabando com o Pacto colonial, que estabelecia o monopólio de comércio do Brasil com Portugal. Os portos brasileiros foram então abertos às nações amigas - como a Inglaterra).[57] Foi permitida a importação "de todos e quaisquer gêneros, fazendas e mercadorias transportadas em navios estrangeiros das potências que se conservavam em paz e harmonia com a Real Coroa" ou em navios portugueses, numa tentativa de diminuir, abrindo os portos, a total dependência de Portugal da Inglaterra. Esta abertura foi acompanhada por uma série de melhoramentos, decretados por carta régia: depois do comércio, chegou "a liberdade para a indústria", a criação da Imprensa Nacional e de uma Fábrica de Pólvora,[58][59] que desde 1540 era fabricada na Fábrica da Pólvora de Barcarena.[60] Em 12 de outubro foi fundado o Banco do Brasil para financiar as novas iniciativas e empreitadas.

Como represália à França, D. João ordenou a invasão e anexação da Guiana Francesa, no extremo norte, e da banda oriental do rio Uruguai, no extremo sul. O primeiro território seria devolvido à soberania francesa em 1817, mas o Uruguai foi mantido sob o nome de Província Cisplatina.

Em 16 de dezembro de 1815, no contexto das negociações do Congresso de Viena, o Brasil foi elevado à condição de Reino dentro do Estado português, com a designação "Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves". O Rio de Janeiro tornou-se Corte e capital e as antigas capitanias passaram a ser denominadas províncias. Nesse ano morreu a rainha Maria I e D. João VI foi coroado rei. Deu ao Brasil como brasão-de-armas a esfera manuelina com as quinas, já presente em moedas da África portuguesa (1770).

Em Janeiro de 1821, após a (revolução liberal portuguesa de 1820), foram instauradas em Portugal as "Cortes Gerais, Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa" encarregadas de elaborar uma constituição. Em Fevereiro, D. João VI ordenou que deputados do Brasil, bem como dos Açores, Madeira e Cabo Verde participassem na assembleia. No Rio, um decreto comunicou o retorno do rei a Portugal e ordenou que, «sem perda de tempo», fossem realizadas eleições dos deputados para representarem o Brasil nas "Cortes Gerais" convocadas em Lisboa.

O Brasil elegeu 81 representantes para as Constituintes em Lisboa. Em Abril chegaram a Lisboa Maciel Parente e Francisco Moniz Tavares, deputados da Junta do Pará e de Pernambuco, os primeiros brasileiros a discursar oficialmente na Assembleia,[61] em vivo debate, com os deputados portugueses Borges Carneiro e Ferreira Borges e Moura, contra a remessa de mais tropas para Pernambuco e a incômoda presença da numerosa guarnição militar portuguesa na província.[61] No Rio, a primeira assembléia de eleitores do Brasil resultou em confronto com mortos, com tropas portuguesas a dissolveram a manifestação. No dia seguinte, cariocas afixaram à porta do Paço um cartaz com a inscrição "Açougue do Bragança", referindo-se ao Rei como carniceiro. D. João VI partiu para Portugal cinco dias depois, em 16 de abril de 1821, deixando seu primogénito Pedro de Alcântara como Príncipe-Regente do Brasil. Em Agosto de 1821 as Cortes apresentaram três projetos para o Brasil com medidas que estes se recusavam a aceitar.

Em Janeiro de 1822, a secessão do Brasil seria impulsionada e anunciada informalmente pelo príncipe herdeiro D. Pedro, com a declaração de de que iria permanecer no Brasil, no "Dia do Fico", com as seguintes palavras: Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto: diga ao povo que fico. Agora só tenho a recomendar-vos união e tranquilidade. Esta seria declarada no dia 7 de setembro a data do romantizado "grito do Ipiranga".

Em 7 de setembro de 1822 Dom Pedro proclamou a independência e reinou até 1831, como D. Pedro I, quando foi sucedido por seu herdeiro, Dom Pedro II, que tinha apenas cinco anos.[62] Aos catorze anos em 1840, Dom Pedro II teve sua maioridade declarada, sendo coroado imperador no ano seguinte. No final da primeira década do Segundo Reinado, o regime estabilizou-se. As províncias foram pacificadas e a última grande insurreição, a Revolta Praieira, foi derrotada em 1849.

Com o reconhecimento por Portugal da declaração de independência do Brasil, em 1825, mediante pagamento, Portugal fica obrigado a acentuar a sua expansão territorial no interior da África a fim de manter-se a par com as outras potências. A independência do Brasil, porém, criou uma imensa onda de choque emocional e material em Portugal, pois era o baluarte do Império, símbolo de orgulho nacional..

Portugal Insular

Durante o reinado de D. João I, sob comando do Infante D. Henrique dá-se o redescobrimento da ilha de Porto Santo por João Gonçalves Zarco em 1418 e mais tarde da ilha da Madeira por Tristão Vaz Teixeira. Trata-se de um redescobrimento pois já havia conhecimento da existência das ilhas da Madeira no século XIV, segundo revela a cartografia da época, principalmente em mapas italianos e catalães.

Eram então ilhas desabitadas que, pelo seu clima, ofereciam possibilidades de povoamento e reuniam condições para a exploração agrícola. Os arquipélagos da Madeira e das ilhas Canárias despertaram, desde cedo, o interesse tanto dos Portugueses como dos Castelhanos; por serem vizinhos da costa africana, representavam fortes potencialidades económicas, em especial as Canárias, que tinham uma grande importância estratégica.

A disputa destes territórios deu origem ao primeiro conflito ibérico motivado por razões expansionistas que terminaria com a assinatura do Tratado das Alcáçovas-Toledo em 1479. Além de formalizar a paz entre Afonso V de Portugal e os Reis Católicos, continha cláusulas concernentes à política externa de dos dois reinos, que competiam pelo domínio do Oceano Atlântico e das terras até então descobertas na costa africana: Portugal obtinha o reconhecimento do seu domínio sobre a ilha da Madeira, o Arquipélago dos Açores, o de Cabo Verde e a costa da Guiné, enquanto que Castela recebia as ilhas Canárias, renunciando a navegar ao Sul do cabo Bojador, ou seja, do Paralelo 27 no qual se encontravam. Regulamentava também as áreas de influência e de expansão de ambas as coroas pelo Reino Oatácida de Fez, no Norte de África.

A Madeira

Para tentar evitar uma situação idêntica à das Canárias, perdidas para Castela, em 1424 inicia-se a colonização da Madeira: adoptando um sistema de capitanias. Inicialmente a Madeira exportava cedro, teixo, sangue-de-dragão, anil e outros materiais tintureiros; a partir de 1450 tornou-se um centro produtor de cereais.

Com a queda na produção cerealifera, o infante D. Henrique mandou plantar na ilha da Madeira a cana-de-açúcar — rara na Europa —, promovendo, para isso, a vinda, da Sicília, da soca da primeira planta e dos técnicos especializados. A cultura da cana e a indústria da produção de açúcar desenvolver-se-iam até ao século XVII, seguindo-se a indústria da transformação. A produção de açúcar atraiu à ilha comerciantes judeus, genoveses e portugueses e foi um dinamizador da economia insular. A produção cresceu de tal forma que surgiu uma grande necessidade de mão-de-obra. Para satisfazer esta carência foram levados para a ilha escravos originários das Canárias, de Marrocos e, mais tarde, de outras zonas de África. Mais tarde, cerca do século XVII, a cultura da cana-do-açúcar iria ser promovida no Brasil, passando a Madeira a investir na produção do vinho.

Os Açores

Em 1427, dão-se os primeiros contactos com o arquipélago dos Açores por Diogo de Silves. Ainda nesse ano é descoberto o grupo oriental dos Açores, (São Miguel e Santa Maria). Segue-se o descobrimento do grupo central (Terceira, Graciosa, São Jorge, Pico e Faial). Em 1452 o grupo ocidental (Flores e Corvo) é descoberto por João de Teive.

Para que os colonos pudessem cultivar as terras foi necessário desbastar densos arvoredos que proporcionavam matéria-prima para exportação, para produção escultórica (cedro) e para a construção naval. O cultivo de cereais e a criação de gado foram as actividades predominantes, com o trigo a registar uma produção considerável. A exploração do pastel e da urzela para tinturaria atingiu o seu auge precisamente quando a produção de cana-de-açúcar, tentada sem grandes resultados, e de trigo entraram em decadência.

Os arquipélagos dos Açores e da Madeira, territórios desabitados até à altura do seu descobrimento, foram colonizados desde o início do século XV, tal como o sul do Continente Português, maioritariamente por portugueses, embora também com alguns estrangeiros europeus, maioritariamente flamengos e italianos. Ainda paralelamente ao sul do Continente, receberam posteriormente uma larga população africana escrava, sobretudo na Madeira, que tal como no sul do Continente se veio a dissolver mais tarde na homogeneização da população portuguesa.

Sujeitas desde o início ao regime senhorial, tal como o resto do país, as Ilhas foram integradas na estrutura centralizada do Reino pelo Marquês de Pombal, no sc. XVIII, quando extinguiu esse regime senhorial e instituiu as capitanias-gerais, antecessoras dos distritos autónomos do liberalismo oitocentista.

Com efeito, nos Açores as capitanias donatárias haviam sido extintas em 1766, anterioremente ao dos restantes senhorios do Continente, ficando a autoridade do Governo centralizada no capitão-general, com sede em Angra. A 26 de Janeiro de 1771 os Açores foram oficialmente declarados província de Portugal.

As ilhas portuguesas tornaram-se constitucionalmente, em 1976, regiões autónomas de Portugal, Estado unitário, não podendo ser consideradas partes do Império, que tanto aliás ajudaram a colonizar.

Descolonização (séc. XX)
Ver artigos principais: Descolonização e Guerra Colonial Portuguesa.
No Oriente, a resistência à dominação portuguesa manifestou-se no contexto da descolonização europeia. Após a independência indiana concedida pelos britânicos, em 1947, Portugal recusou-se a aceder ao pedido da Índia para rescindir a sua posse. A atitude era condenada pelo Tribunal Internacional e pela Assembleia das Nações Unidas que se pronunciou a favor da Índia. Em 1954, após a descolonização francesa Pondicherry, a União Indiana anexou os territórios de Dadrá e Nagar Haveli, que desde 1779 faziam parte do Estado Português da Índia. A Índia impediu Portugal de deslocar militares para a sua defesa, acabando por anexar formalmente os enclaves, após vários protestos pacíficos, com o governo português liderado por António de Oliveira Salazar a recusar-se a negociar. Em Dezembro de 1961, a União Indiana invadia os territórios de Goa, Damão e Diu. De 18 para 19 de Dezembro de 1961 uma força de 40.000 soldados a Índia independente conquistou Goa, numa acção armada - feita por terra, ar e mar, que durou cerca de 36 horas - acabou com o domínio Português de 451 anos em Goa encontrando pouca resistência, e integrou o Estado Português da Índia no seu território. E no ano seguinte tomava a Ilha de Angediva. À época, o Conselho de Segurança da ONU considerou uma resolução que condenava a invasão, o que foi vetado pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. A maioria das nações reconheceram a acção da Índia, no entanto, Salazar recusava-se a reconhecer a soberania indiana sobre os territórios, mantendo-os representados na Assembleia Nacional até 1974, altura em que se deu a Revolução dos Cravos. A partir de então, Portugal pôde restabelecer as relações diplomáticas com a Índia, começando pelo reconhecimento da soberania indiana sobre o antigo Estado Português da Índia. No entanto, aos seus habitantes que o pretendessem foi dada a possibilidade de manterem a cidadania portuguesa.

Em 1961, um movimento antiportuguês manifestou-se em Angola com o surgimento de dois partidos de luta armada, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e a União dos Povos de Angola (UPA). Em Moçambique, as operações de guerrilha começaram em 1964. Após a morte de Salazar, Portugal aceitou conceder, em 1972, a autonomia à Angola e a Moçambique. Após a Revolução dos Cravos na metrópole (1974), a situação colonial dos dois países degradou-se rapidamente e os portugueses concordaram em conceder a independência às suas colónias em 1975. Em Moçambique, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) toma o comando do país, enquanto a guerra civil angolana, que divide as forças de libertação, conduzem rapidamente ao despedaçamento e à ruína dum país em pleno desenvolvimento e rico em petróleo, diamantes, ferro e café.

O processo de descolonização é próximo na Guiné, onde os portugueses se mostram incapazes de travar o aumento das hostilidades e reconheceram rapidamente a independência da Guiné-Bissau (1974) e de Cabo Verde (1975). No mesmo ano, as ilhas de São Tomé e Príncipe acederam igualmente à independência.[63]


Cerimónia da Transferência da Soberania de Macau para a República Popular da China, decorrida nos primeiros momentos da madrugada do dia 20 de Dezembro de 1999.Timor-Leste proclamou unilateralmente a sua independência em 1975, mas foi anexado no mesmo ano pela Indonésia. Consequentemente, esteve sob administração indonésia até ao referendo de 1999, seguida da administração provisória da ONU até 2002, quando Portugal reconheceu a sua independência.

A descolonização de Macau foi feita de um modo diferente e especial e teve começo após a Revolução dos Cravos, quando foi proposta o seu retorno imediato à República Popular da China, retorno esse rejeitado por aquele grande país comunista. Em 1976, esta colónia passou oficialmente a ter o estatuto especial de "território chinês sob administração portuguesa". Em 1987, após intensas negociações, Portugal aceitou a recuperação pela China, no dia 20 de Dezembro de 1999, da soberania sobre Macau. Em contrapartida, a China prometeu conservar as especificidades de Macau, incluindo o seu sistema económico de carácter capitalista, e conceder um elevado grau de autonomia para a população de Macau, seguindo o princípio de "um país, dois sistemas". Após o retorno à China, Macau passou a ser uma Região Administrativa Especial, administrada por suas gentes, mas mais concretamente dirigida por um Chefe do Executivo (entretanto eleito por sufrágio indirecto) e uma Assembleia Legislativa (somente menos de metade dos seus membros entretanto são eleitos pelo sufrágio directo, dando por isso uma grande margem de manobra e de controlo para as forças pró-Governo e pró-Pequim).

Fim do Império

Existem várias datas que indicam para o fim do Império Português, existindo o fim de jure com o reconhecimento do mesmo e o fim de facto com a independência das possessões coloniais. A título de exemplo, existem pelo menos três datas referentes à independência do Brasil, a maior possessão colonial portuguesa de sempre. No Brasil, oficialmente é comemorado o 7 de Setembro de 1822 como o dia da proclamação da independência, embora unilateralmente. Portugal (e a Grã-Bretanha) não a reconhece que em 1825. Por fim, a data da coroação do Imperador D. Pedro I (1 de Dezembro de 1822), sela a independência política do novo Império do Brasil. No estado da Bahia é comemorado o dia 2 de julho de 1823, como a Independência da Bahia, quando as últimas tropas portuguesas são retiradas do território brasileiro.

Assim sendo, e seguindo esta lógica, pode-se afirmar que o "fim" de facto do Império Português ocorreu em 1975, quando as suas colónias proclamaram em massa a sua independência e/ou viram a sua independência reconhecida por Portugal, ou ainda quando Timor-Leste, que proclamou unilateralmente nesse mesmo ano a sua independência, foi imediatamente invadido e ocupado pela Indonésia. Macau foi o único que não proclamou a sua independência em 1975, mas esta possessão colonial, encravado em terras chinesas, possui uma situação colonial peculiar e única no Império Português e por isso, o seu caso deve ser analisado de uma maneira diferente e especial.[64]

Mas, pode-se também considerar o "fim" oficial ou de jure do Império Português em 1999, mais precisamente no dia 20 de Dezembro de 1999, quando Macau, o último território sob a sua administração, foi finalmente devolvida e passou para a soberania da República Popular da China, que sempre defendeu que Macau era, desde os tempos mais remotos, um território inalienável da China, mas ocupado gradualmente por Portugal desde o século XVI.

Pode-se ainda afirmar que o verdadeiro "fim" oficial ocorreu em 2002, quando Portugal, num acto simbólico, reconheceu a independência, e portanto, a soberania de Timor-Leste, que foi libertada da ocupação indonésia em 1999.

GRANDE LEGADO A LINGUAS PT

Mapa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).Sete ex-colónias de Portugal, hoje países independentes, falantes de língua portuguesa, formam juntamente com Portugal a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. O português é hoje a quinta língua mais falada no mundo, com mais de 240 milhões de falantes,[65] falado em cerca de metade da América do Sul. É também a língua-franca em muitas antigas possessões coloniais em África e a língua oficial em 8 países, sendo também a língua co-oficial junto com o cantonês na região administrativa de Macau. Deixou a sua influência no Japão, com diversas palavras de origem portuguesa no léxico japonês. A presença em Malaca, na Malásia, deu origem à comunidade Cristang. No Sri Lanka, antigo Ceilão, aos chamados Burghers Portugueses que, como muitos outros povos, mantêm vivo um de vários crioulos de base portuguesa.

A presença portuguesa deixou também uma vasta herança humana, gastronómica, cultural e arquitectónica em vários continentes, um legado extraordinário, sabendo-se que o total da população portuguesa era em 1527 de apenas 1,2 milhões de habitantes.[66]

[editar] Territórios do Império Português

Territórios do Império Português de 1415-2002.
[editar] Notas
↑ The Portuguese Empire: 1415-1825 by Charles R. Boxer [1]
↑ Timor foi colónia portuguesa até 1975, altura em que se tornou independente, tendo sido invadido pela Indonésia três dias depois. Permaneceu considerado oficialmente pelas ONU como território português por descolonizar até 1999, quando cerca de 80% do povo timorense em referendo optou pela independência, oficializada em 2002.
↑ A imagem que tradicionalmente representa o Príncipe aqui apresentada, retirada dos Painéis de São Vicente de Fora, é disputada.
↑ Outros navegadores importantes como Fernão de Magalhães, Pedro Fernandes de Queirós e Luís Vaz de Torres explorarão o Oceano Pacífico ao serviço da Coroa de Castela.
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↑ Boxer, Charles Ralph "Four centuries of Portuguese expansion, 1415-1825: a succinct survey", p.95, Publications, Ernest Oppenheimer Institute of Portuguese Studies, University of California Press, 1969
↑ A expansão territorial realizou-se com a colonização do interior do Brasil a partir de 1532 e, mais tarde, em África.
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↑ defendendo a necessidade de formar uma barreira às intenções expansionistas britânicas que pretendiam a soberania sobre um território que, do Sudão, se prolongasse até ao Cabo pelo interior da África
↑ A Grã-Bretanha pretendia criar um grande corredor no sul de África, comunicando esta com seus territórios do nordeste do continente. O Ultimato britânico de 1890 impunha a retirada das forças militares existentes no território compreendido entre as colónias de Moçambique e Angola, no actual Zimbabwe, a zona era reclamada por Portugal, que a havia incluído no famoso Mapa cor-de-rosa, reclamando a partir da Conferência de Berlim uma faixa de território que ia de Angola à contra-costa ou seja, a Moçambique.
↑ A manutenção dos territórios na Índia, de Macau e de outros pontos-chave do antigo domínio colonial português na Ásia, cada vez mais diluído, era um ponto de honra. Mas o desígnio era a África, nomeadamente Angola e Moçambique, para além do imenso e rico território que as separava. Guarnições militares, missões católicas, formas e instituições de governo colonial foram transplantadas para África, assegurando a presença efectiva portuguesa de forma a afastar outros concorrentes. Apesar das dificuldades económico-financeiras e climáticas, conseguiu-se ampliar alguns aglomerados urbanos e construir outros, já no interior, apoiando plantações ou zonas de mineração.
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↑ A mais antiga da India, construída pelos portugueses em 1503. Vasco da Gama, falecido em Cochim em 1524 foi aqui sepultado inicialmente.
↑ A escolha inicial fora Tristão da Cunha, que não pode aceitar o cargo por estar então doente.
↑ Nomeando um Vice rei, D Manuel I manifestava o real poder dos portugueses no Índico face a Espanha, que atribuíra a Cristovão Colombo o título de "Almirante e Vice-rei das Índias" após o equívoco na descoberta do Novo Mundo.
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↑ O primeiro documento europeu conhecido que fala da ilha é uma carta de Rui Brito Patalin a Manuel I de Portugal, datada de 6 de Janeiro de 1514, na qual são referidos navios que tinham partido para Timor
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↑ Foram construidas ao todo cerca de 40 fortalezas destinadas, mais do que a acções militares, a apoiar a navegação como escalas e a facilitar o comércio e armazenamento
↑ 1503 foi o ano em que Vasco da Gama assinou em Cochim um tratado que serviria de paradigma às relações entre os Portugueses e os mercados do Malabar, com a feitoria reconhecida por um instrumento de direito internacional e os preços fixados, bem como as formas de pagamento.
↑ Por exemplo, a pimenta, comprada na Índia por dois cruzados o quintal era vendida na Casa da Índia em Lisboa por trinta. Bailey Wallys Diffie, Boyd C. Shafer, George Davison Winius, "Foundations of the Portuguese empire, 1415-1580", p. 412
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↑ Em 1514 até os venezianos compravam especiarias a Lisboa - Bailey Wallys Diffie, Boyd C. Shafer, George Davison Winius, "Foundations of the Portuguese empire, 1415-1580", p. 411
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↑ Bailey Wallys, "Foundations of the Portuguese empire, 1415-1580", p. 415
↑ Portugal aceitara as perdas na Ásia, comprometendo-se a pagar à Holanda o equivalente a 63 toneladas de ouro como compensação pelo reconhecimento da soberania portuguesa do Nordeste brasileiro, ex-Nova Holanda
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↑ Segundo Capistrano de Abreu, em Capítulos da História Colonial, cada quintal era vendido em Lisboa por 21/3 ducados, mas levá-lo até lá custava apenas meio ducado. Os arrendatários pagavam 4 mil ducados à Coroa.
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↑ sendo os mais importantes a Guerra dos Emboabas (1707-1710) e a Revolta de Felipe dos Santos
↑ Quando a soma de impostos pagos não atingia uma cota mínima estabelecida, os colonos deveriam entregar jóias e bens pessoais até completar o valor estipulado — episódios chamados de derramas. Viagem pela História do Brasil Uma visão de Brasil
↑ segundo Jorge Caldeira, em "A nação mercantilista: ensaio sobre o Brasil", Editora 34, 1999 ISBN 85-7326-138-2
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↑ Durante o regime de Salazar, os territórios d'além-mar eram designados como províncias ultramarinas (em teoria, seriam parte contínua do território português) após a Segunda Guerra Mundial, mas precisamente em 1951, com o intuito de manter os antigos domínios e deter as pressões políticas que condenavam o colonialismo. No início da década de 1960 inicia-se a guerra colonial portuguesa em face à recusa de Portugal de garantir a independência aos seus territórios africanos. O restante do Estado Português da Índia é anexado em Dezembro de 1961 pela União Indiana. Na altura da Revolução dos Cravos, processo revolucionário que ditou o fim do Estado Novo e do colonialismo português, foi reconhecida a independência da Guiné-Bissau (10/9/1974) e garantida a independência a Moçambique (25/6/1975), Cabo Verde (5/7/1975), São Tomé e Príncipe (12/7/1975), Angola (11/11/1975).
↑ Portugal, na sequência dos acontecimentos causados pelo Motim 1-2-3 levantado pelos chineses pró-comunistas de Macau, teve de renunciar, em 1967, a sua ocupação perpétua sobre Macau e teve também de reconhecer o poder e o controlo de facto dos chineses sobre Macau, marcando o princípio do fim do período colonial desta cidade. Portugal chegou mesmo a propor nesse mesmo ano o retorno de Macau para a República Popular da China (RPC), mas ela rejeitou. Após a Revolução dos Cravos, Portugal propôs novamente o retorno de Macau para a RPC, mas ela rejeitou novamente, tendo apelado para o estabelecimento de negociações que permitissem uma transferência harmoniosa. Em 1976, Macau passou oficialmente a ter o estatuto especial de território chinês sob administração portuguesa, estatuto mantido até à transferência de soberania de Macau para a RPC, que ocorreu no dia 20 de Dezembro de 1999.
↑ Título ainda não informado (favor adicionar) (em português).
↑ Numeramento ou Cadastro Geral do Reino, de D. João III (1527) referido em 2009 - Instituto Nacional de Estatística; A primeira contagem populacional foi feita em 1527, no reinado de D. João III com base predominantemente nos fogos. Nesta época houve um arrolamento de 1.200.000 portugueses.
[editar] Bibliografia
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[editar] Ver também
Descobrimentos Portugueses
Os territórios do Império Português por ordem alfabética
Estado Português da Índia
História de Macau
Período Nanban
Palavras japonesas de origem portuguesa
Portugueses na Ásia
Igrejas e Conventos de Goa
Recuperação de colónias portuguesas depois da Restauração
Listas de governadores por território: Angola, Brasil (e vice-reis), Cabo Verde, Guiné, Índia, Moçambique, Macau e Timor
Império global
Fascínio pelo Oriente
O Wikimedia Commons possui multimedia sobre Império Português[editar] Ligações externas
História Colonial Holandesa e Portuguesa (em inglês)
Carreira da Índia (em português)
Exposição Os portugueses e o Oriente, Biblioteca Nacional de Portugal (em português)
v • e Antigos territórios e colónias do Império Português
(Princípio: 1415; Fim: 1999 ou 2002)
Norte de África: Aguz (1506-1525) • Alcácer-Ceguer (1458-1550) • Arzila (1471-1550, 1577-1589) • Azamor (1513-1541) • Ceuta (1415-1640) • Mazagão (1485-1550, 1506-1769) • Mogador (1506-1525) • Safim (1488-1541) • Agadir (1505-1769) • Tânger (1471-1662) • Ouadane (1487-meados do século XVI)
África subsariana: Acra (1557-1578) • Angola (1575-1975) • Ano Bom (1474-1778) • Arguim (1455-1633) • Cabinda (1883-1975) • Cabo Verde (1642-1975) • São Jorge da Mina (1482-1637) • Fernando Pó (1478-1778) • Costa do Ouro (1482-1642) • Guiné Portuguesa (1879-1974) • Melinde (1500-1630) • Mombaça (1593-1698, 1728-1729) • Moçambique (1501-1975) • Quíloa (1505-1512) • Fortaleza de São João Baptista de Ajudá (1680-1961) • São Tomé e Príncipe 1753-1975 • Socotorá (1506-1511) • Zanzibar (1503-1698) • Ziguinchor (1645-1888)
Ásia Ocidental: Bahrein (1521-1602) • Ormuz (1515-1622) • Mascate (1515-1650) • Bandar Abbas (1506-1615)
Subcontinente indiano: Ceilão Português (1518-1658) • Laquedivas (1498-1545) • Maldivas (1518-1521, 1558-1573) • Índia Portuguesa: Baçaim (1535-1739); Bombaim (Mumbai) (1534-1661); Calecute (1512-1525); Cananor (1502-1663); Chaul (1521-1740); Chittagong (1528-1666); Cochim (1500-1663); Cranganor (1536-1662); Dadrá e Nagar-Aveli (1779-1954); Damão (1559-1962); Diu (1535-1962); Goa (1510-1962); Hughli (1579-1632); Nagapattinam (1507-1657); Paliacate (1518-1619); Coulão (1502-1661); Salsete (1534-1737); Masulipatão (1598-1610); Mangalore (1568-1659); Surate (1540-1612); Thoothukudi (1548-1658); São Tomé de Meliapore (1523-1662; 1687-1749)
Ásia Oriental e Oceânia: Bante (séc. XVI-XVIII) • Flores (século XVI-XIX) • Macau, como estabelecimento português, colónia e província ultramarina (1557-1976); como território chinês sob administração portuguesa (1976-1999) • Macáçar (1512-1665) • Malaca Portuguesa (1511-1641) • Molucas (Amboina 1576-1605, Ternate 1522-1575, Tidore 1578-1650) • Nagasaki (1571-1639) • Timor Português (Timor-Leste), como colónia e província ultramarina (1642-1975), invadida pela Indonésia, sob o nome de Timor Timur (1975-1999), como protectorado (1999-2002)
América do Norte: Terra Nova (1501–1570?) • Labrador (1501-1570?) Nova Escócia (1519–1570?)
América Central e do Sul: Brasil (1500-1822) • Barbados (1536-1620) • Província Cisplatina (1808-1822) • Guiana Francesa (1809-1817) • Colônia do Sacramento (1680-1777) • (Colonização do Brasil)
Madeira e Açores Estes dois arquipélagos, localizados no Atlântico Norte, foram colonizados pelos portugueses no início do século XV e fizeram parte do Império Português até 1976, quando se tornaram regiões autónomas de Portugal; no entanto, já desde o século XIX que eram encaradas como um prolongamento da metrópole europeia (as chamadas Ilhas Adjacentes) e não colónias. O estatuto especial dos arquipélagos (região autónoma) continuou até hoje, sem grandes alterações.

v • eHistória dos Impérios

{Maiores impérios }

Impérios Antigos Império Acadiano · Antigo Egito · Império Neo-Assírio · Império Hitita · Império Persa Acamênida · Império Ateniense · Império Macedônio (Império Ptolomaico · Império Selêucida) · Império Cartaginês · Império Indiano Máuria · Império Indiano Gupta · Império Chinês Chin · Império Chinês Han · Império Romano (Império Romano do Ocidente · Império Romano do Oriente) · Império Persa Sassânida
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Império Otomano

A Conquista de Ceuta, cidade islâmica no Norte d'África, por tropas portuguesas sob o comando de João I de Portugal, deu-se a 22 de Agosto de 1415.


A Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) é a denominação genérica de uma série de guerras que diversas nações européias travaram entre si a partir de 1618, especialmente na Alemanha, por motivos variados: rivalidades religiosas, dinásticas, territoriais e comerciais.

As rivalidades entre católicos e protestantes e assuntos constitucionais germânicos foram gradualmente transformados em uma luta européia. Apesar de os conflitos religiosos serem a causa direta da guerra, ela envolveu um grande esforço político da Suécia e da França para procurar diminuir a força da dinastia dos Habsburgos, que governavam a Áustria. As hostilidades tiveram fim com a assinatura, em 1648, de alguns tratados que, em bloco, são chamados de Paz de Vestfália, e causaram sérios problemas econômicos e demográficos na Europa Central.

Índice [esconder]
1 Atritos
2 Desenrolar da guerra
2.1 Período Palatino-Boêmio (1618-1624)
2.2 Período Dinamarquês (1624-1629)
2.3 Período Sueco (1630-1635)
2.4 Período Francês (1635-1648)
2.5 O papel da França
3 O fim do conflito
4 Conseqüências
5 Cronologia dos principais eventos
6 Principais batalhas
7 Ligações externas


[editar] Atritos
Os conflitos religiosos ocorridos na Alemanha e solucionados em 25 de setembro de 1555 com a assinatura da Paz de Augsburgo inauguraram um período no qual cada príncipe podia impor sua crença aos habitantes de seus domínios. O equilíbrio manteve-se enquanto os credos predominantes restringiam-se à religião católica e luterana, mas o advento do calvinismo complicaria o cenário. Considerada uma força renovadora, a nova linha religiosa conquistou diversos soberanos. Os jesuítas e a Contra-Reforma, por outro lado, contribuíram para que o catolicismo recuperasse forças. Assim nasceu o projeto expansionista dos Habsburgos, idealizado por Fernando, duque de Estíria, que fora educado pelos jesuítas. O perigo ameaçava tanto as potências protestantes no Norte como a vizinha França.

À medida que o conflito se desenhava, a luta ia sendo influenciada por muitos outros temas colaterais, tais como as rivalidades e ambições dos príncipes alemães e a teimosia de alguns dirigentes europeus, sobretudo dos franceses e suecos, em abater o poderio do catolicíssimo Sacro Império Romano-Germânico, o instrumento político da família dos Habsburgos.

Esta conjuntura fora desencadeada na segunda metade do século XVI pelas fraquezas do Tratado de Augsburgo, um acordo concluído em 1555 entre o Sacro Império católico e a Alemanha luterana.


O imperador Rodolfo IIAs tensões religiosas agravaram-se na Alemanha no decurso do reinado do Imperador Rodolfo II (1576-1612), período durante o qual foram destruídas muitas igrejas protestantes. As liberdades religiosas dos crentes protestantes foram limitadas, nomeadamente as relativas à liberdade de culto; os oficiais do governo lançaram as bases do Tratado de Augsburgo, que criou condições para o refortalecimento do poder católico. Com a fundação da União Evangélica em 1608, uma aliança defensiva protestante dos príncipes e das cidades alemãs, e a criação, no ano seguinte, da Liga Católica, uma organização semelhante mas dos católicos romanos, tornava-se inevitável o recurso à guerra para tentar resolver o conflito latente, o qual foi desencadeado pela secção da Boêmia da União Evangélica.


Fernando II, rei da Boêmia.Na Boêmia (atual República Checa), teve início uma disputa pela sucessão do trono, que envolveu católicos e protestantes. Fernando II de Habsburgo, com a ajuda de tropas e recursos financeiros da Espanha, dos germânicos católicos e do papa, conseguiu derrotar os protestantes da Boêmia. Os protestantes, que constituíam a maior parte da população, estavam indignados com a agressividade da hierarquia católica. Os protestantes exigiam de Fernando II, o rei da Boêmia e futuro imperador do Sacro Império, uma intercessão em seu favor. Todavia, as reivindicações foram totalmente ignoradas pelo rei, pois este era um fervoroso católico e um potencial herdeiro do poder imperial dos Habsburgos. Fernando II estabeleceu o catolicismo como único credo permitido na Boêmia e na Morávia. Os protestantes boêmios consideraram o ato de Fernando como uma violação da "Carta de Majestade". Isso provocou nos boêmios o desejo de independência.


A Defenestração de Praga.A resposta da maioria protestante não se fez esperar: em 23 de Maio de 1618, descontentes com os católicos que destruíram um de seus templos, invadiram o palácio real em Praga e lançaram dois dos seus ministros e um secretário pela janela, fato que ficou por isso conhecido como a "Defenestração de Praga" ou "violência de Praga", tendo despoletado a sublevação protestante. Assim começava a guerra, que abrangeu as revoltas holandesas depois de 1621 e concentrou-se em um confronto franco-Habsburgo após 1635.

[editar] Desenrolar da guerra
O conflito foi basicamente entre o Sacro Império Romano-Germânico, católico e dominado pela casa de Habsburgo, e um vasto conjunto de cidades e principados alemães protestantes, apoiados primeiro pelas principais potências anticatólicas, a Suécia e os Países Baixos, e depois também pela França católica, em mais um capítulo das antigas rivalidades entre os franceses e os Habsburgos.

Esta guerra devastadora, talvez uma das mais ferozes na História européia, pode dividir-se em quatro períodos distintos, caracterizados pelos soberanos que, sucessivamente, lutaram contra o imperador, sustentáculo dos católicos.

[editar] Período Palatino-Boêmio (1618-1624)

Frederico V, eleitor palatino.De início, as tropas protestantes, comandadas pelo conde Henrique Matias von Thurn, tiveram algum sucesso; assim, a rebelião alastrou-se a outras partes dos domínios do império. Durante algum tempo, a cidade católica de Viena, a capital dos Habsburgos, foi ameaçada (1619) pelas tropas da União Evangélica.

Nesse ano, a coroa de Fernando foi entregue pelos boêmios a Frederico V, chefe da União Evangélica e eleitor (um dos governadores que elegiam o imperador germânico) do Palatinado (ou Pfalz, região histórica da Alemanha, no vale do Reno). Algumas secções regionais desta União retiraram-se do conflito, pois Frederico era um calvinista, grupo com quem mantinham fortes divergências.


João T'Serklaes von Tilly.
Campanha de Tilly.A facção católica tirou partido das discordâncias no seio da União Evangélica e Fernando, entretanto tornado Imperador em 28 de Agosto de 1619, assumiu o controle da ofensiva católica.

Em 8 de Novembro de 1620, um exército da Liga Católica, liderado pelo germânico João T'Serklaes von Tilly rumou a Weisserberg, próximo de Praga, onde venceu os protestantes na Batalha da Montanha Branca . Após esta vitória, muitos rebeldes foram condenados a morte e todos perderam seus bens. A coroa da Boêmia, até então eletiva, tornou-se hereditária dos Habsburgos. O protestantismo foi proibido nos domínios imperiais e a língua checa substituída pela alemã.


A Batalha da Montanha Branca numa litografia da época.
Maximiliano I, duque da Baviera e sua segunda esposa Marie-Anne da Áustria.A União Evangélica foi então desmobilizada, mas Frederico e alguns dos seus aliados continuaram a lutar no Palatinado. Derrotaram mesmo o exército de Tilly em Wiesloch, em 22 de Abril de 1622. Mas sem grandes conseqüências, porém, pois a partir de então somaram grandes derrotas. Em 1623, Fernando, com a ajuda da Espanha e da Baviera, conquista o Palatinado de Frederico V. No final de 1624, o Palatinado, entregue a Maximiliano I, duque da Baviera, era novamente um bastião católico. No entanto, as ambições germânicas de Fernando e sua aliança com a Espanha, fizeram com que se manifestasse a apreensão das nações protestantes da Europa e também da França.

[editar] Período Dinamarquês (1624-1629)

Cristiano IV, rei da Dinamarca e Noruega, apoiou os protestantes alemães, principalmente, por razões não religiosas.Na segunda fase da guerra, o conflito assumiu um carácter internacional numa altura em que os Estados germânicos protestantes buscavam ajuda no exterior contra os católicos. Países como a Inglaterra (anglicana) e a França (católica) estavam receosos do poder dos Habsburgos, mas estas duas nações, na altura aliadas contra a Espanha, não intervieram de imediato porque se debatiam com problemas internos. O único apoio surgiu do Norte, majoritariamente luterano.

O imperador, orgulhoso do seu triunfo, pretendia obrigar os protestantes a devolver os bens eclesiásticos, que haviam sido secularizados. Os rebeldes pediram ajuda ao rei da Dinamarca e Noruega, Cristiano IV, protestante e príncipe do Império, pois possuia o ducado de Holstein (na atual Alemanha). Em 1625, Cristiano IV renovou a guerra contra os imperialistas católicos como líder de uma coligação contra os Habsburgos organizada pelos neerlandeses. Esta intervenção, porém, não assentava em motivações desinteressadas; os seus objetivos radicavam mais em ambições territoriais (para compensar a perda das províncias bálticas para a Suécia) e na vontade de acabar com o domínio dos Habsburgos no ducado dinamarquês de Holstein (fronteira norte da Alemanha).


Albrecht von Wallenstein, duque de Friedland.Este rei, apoiado por príncipes germânicos luteranos e calvinistas, mobilizou um grande exército em 1625 e invadiu a Saxônia (Norte da Alemanha), onde não encontrou uma resistência muito forte. Entretanto, Albrecht von Wallenstein, duque de Friedland, nobre checo riquíssimo e ambicioso, tinha formado um feroz exército repleto de mercenários, oferecendo-se a Fernando II, que apenas dispunha do exército de Tilly. O exército dos mercenários teve a sua primeira vitória em Dessau, na Alemanha, em Abril de 1626. Em Agosto desse mesmo ano, Tilly derrotou o exército dos protestantes em Lutter am Barenberg, na Alemanha, obrigando as forças do Protestantismo a abandonarem seus aliados e retirarem-se, em 1627, para a península da Jutlândia (Dinamarca).

Depois, a 6 de Março de 1629, as forças imperiais somavam uma estrondosa vitória, com o Édito da Restituição, um documento que anulava todos os direitos protestantes às propriedades católicas expropriadas a partir da Paz de Augsburgo. Em 22 de Maio de 1629, o rei Cristiano aceitou o Tratado de Lübeck, que o privava de mais alguns territórios germânicos, significando o fim da Dinamarca como potência européia. O imperador alcançou o auge de seu poder.

[editar] Período Sueco (1630-1635)

Gustavo Adolfo na Batalha de Breitenfeld.Na fase sueca, a seguinte, o cardeal e estadista francês, Richelieu, o implacável ministro de Luís XIII, pai de Luís XIV, estava preocupado com o sucesso dos Habsburgos. A França estava desorganizada internamente, sem condições para intervir diretamente na guerra. Assim, decidiu o cardeal aliciar para a tarefa o monarca sueco Gustavo II Adolfo, denominado "rei da neve", prometendo-lhe determinadas concessões e ajuda financeira.


Cerco da cidade alemã de Magdeburgo.Gustavo Adolfo, que encerrara uma guerra de quatro anos com a Polônia, era um luterano, que já tinha sido contactado pelos povos protestantes do Norte. Nestas circunstâncias, concordou em entrar no conflito pois perspectivava concretizar as suas ambições hegemônicas no Báltico. Dotado de superiores qualidades militares, colocou-se a frente de um exército bem instruído na tática dos fogos, formado principalmente de camponeses suecos e pequeno número de mercenários. A disciplina era severa e a pilhagem, proibida.

Gustavo II Adolfo desembarcou no norte da Alemanha no dia 24 de junho de 1630 e obteve a adesão de muitos príncipes protestantes alemães. Apoiado pelo porto de Stralsund e capturando o porto de Stettin (na Pomerânia), ele passaria aqueles primeiros meses buscando construir uma base segura para as futuras operações. Enquanto isto, o exército Imperial e da Liga Católica, agora comandado por Tilly, cercava e saqueava Magdeburgo (maio de 1631), uma importante cidade protestante nas margens do rio Elba.


Gustavo Adolfo desembarca na Alemanha.Volvidos alguns meses, o exército de Tilly sofreu três derrotas; na última destas batalhas, travada em Breitenfeld, perto da atual cidade de Leipzig, em 17 de Setembro de 1631, Gustavo Adolfo teve a ajuda do exército saxão. Depois desta batalha de Breitenfeld, o exército sueco encaminhou-se para o Sul, bateu os imperiais na Batalha de Rain e ocupou brevemente a Baviera.


Gustavo Adolfo vitorioso em Breitenfeld.Fernando, confrontado com a derrota, chamou novamente Wallenstein para comandar as tropas imperiais. Este recrutou um novo exército de mercenários, e invadiu a Saxônia no Outono de 1632.


Morte de Gustavo Adolfo na Batalha de Lützen.O exército sueco foi então no seu encalço, e em 16 de Novembro atacou os católicos em Lützen. Nesta batalha, travada também na Alemanha, Gustavo perdeu a vida, mas no seu final os seus inimigos, comandados por Wallenstein (que aceitara o comando das forças imperiais com a condição de ficar com poderes ilimitados), foram forçados a bater em retirada. Após a morte de Gustavo Adolfo, o chanceler sueco Oxenstierna financiou a Liga Heilbronn dos Protestantes Alemães (1633), que dissolveu-se após a derrota militar em Nördlingen, em 1634.

Bernhard, duque de Saxe-Weimar, que veio substituir no comando Gustavo, em Lützen, ultrapassou a Baviera depois desta vitória. Todavia, durante o ano de 1633, Wallenstein, por seu turno, conseguiu importantes vitórias contra os interesses suecos na Silésia (Sul da Polônia).

O conflito se ampliou, alimentado pelas ambições políticas das diversas potências. A Polônia atacou a Rússia e estabeleceu uma ditadura em Moscou. A paz russo-polonesa de 1634 pôs fim à ambição polonesa ao trono czarista mas deixou a Polônia livre para retomar as hostilidades contra seu principal inimigo no Báltico, a Suécia, então profundamente comprometida na Alemanha.


O Assassinato de Wallenstein.No final de 1633, Wallenstein deu início a um movimento de paz entre os círculos que lideravam as forças imperialistas. Todavia, foi retirado do seu posto de comando por Fernando, sob suspeita de cometer atos de traição, mas, mesmo assim, encetou conversações de paz com os líderes protestantes. As suas tentativas de pôr fim à guerra criaram-lhe inimigos entre os oficiais, que o terão assassinado em 25 de Fevereiro de 1634. Em 6 de Setembro desse ano, os exércitos imperiais impuseram uma devastadora derrota ao duque Bernardo em Nördlingen (Baviera), na Alemanha, que desmoralizou os protestantes e os levou a abandonar o conflito. A Paz de Praga, assinada em 30 de maio de 1635, que formalizou o fim da guerra civil dentro da Alemanha, trouxe algumas alterações favoráveis aos luteranos-saxões, nomeadamente mudanças elementares no Édito da Restituição. No mesmo ano a França entrou em guerra com os Habsburgo, juntamente com a Suécia e as Províncias Unidas.

Período Francês (1635-1648)

O cardeal Richelieu.Esse período foi assim chamado porque Richelieu, após ter apoiado secretamente os adversários da casa de Áustria (Habsburgos), interveio diretamente contra ela, combatendo também a Espanha (aliada da Áustria que apoiava de forma decisiva o imperador). O absoluto ministro de Luís XIII, embora interessado no aniquilamento da Casa da Áustria, não pretendia intervir diretamente no conflito por ser o imperador austríaco defensor do catolicismo, mas as vitórias imperiais e a possibilidade da consolidação do poder dos Habsburgos o levaram a lutar ao lado dos protestantes da Suécia, Países Baixos e principados alemães.

Os assuntos religiosos não eram então os mais importantes, neste novo período iniciado em 19 de Maio de 1635, com a declaração de guerra da França à Espanha, o outro grande domínio Habsburgo na Europa, além da Áustria e regiões dependentes na Europa Central. A guerra converteu-se, portanto, num conflito pela hegemonia entre os Habsburgo e a França. Desse jeito, o conflito foi ampliado para quase todo o continente.


Lennart Torstensson (1603-1651), general sueco.
Torstenson 1642A França, aliada da Suécia e de outros territórios e líderes protestantes, pôde ultrapassar algumas dificuldades iniciais. O general sueco Johan Banér, derrotou as forças conjuntas dos saxões e dos austríacos na Batalha de Wittstock, em 4 de Outubro de 1636, desferindo um duro golpe na posição dos Habsburgos na Alemanha.

Em 1636, as invasões espanholas em território francês foram repelidas e a posição dos Habsburgos na Alemanha ficou ainda mais comprometida pela derrota infligida pelo duque Bernhard em Rheinfelden, em 2 de Março de 1638. Depois destes reveses, os exércitos imperiais viram-se forçados a baixar as armas. Entre 1642 e 1645, o general sueco Lennart Torstensson obteve diversos triunfos: bateu a Dinamarca, que se unira às forças imperiais, e tomou largas porções territoriais da Alemanha e da Áustria.


Henri de La Tour d'Auvergne, visconde de Turenne (1611-1675).
Busto de Luís II, quarto príncipe de Condé.
Condé na Batalha de Rocroi.No ocidente, a França, sob o comando do general Henri de La Tour d'Auvergne, visconde de Turenne (1611-1675), e Luís II, príncipe de Condé, também foi bem sucedida. Condé, por exemplo, derrotou um exército espanhol em Rocroi, na França, em 18 de Maio de 1643. Em Novembro seguinte, os franceses sofreram algumas derrotas em Tuttlingen, na Alemanha, mas a partir daí os Habsburgos só conseguiram ganhar algumas pequenas batalhas.

Os exércitos aliados de Condé e de Turenne bateriam um exército bávaro em Freiburg im Breisgau, em junho de 1644. Em 3 de Agosto do ano seguinte, os comandantes franceses voltaram a superiorizar-se a um outro exército Austro-Bávaro perto de Nördlingen. Por outro lado, o exército sueco, a partir de 1642, esteve sob o comando de Lennart Torstenson, que viria a derrotar os imperiais na batalha de Jankau (1645).

Representantes do Império e da coligação contrária deram início às negociações de paz em Münster e Osnabrück, na Alemanha, em 1645, que se revelaram infrutíferas. Contudo, depois da Baviera central ser invadida, Maximiliano I concluiu, em 14 de Março de 1647, as tréguas de Ulm com a Suécia e a Espanha. Apesar destes desastres, o imperador Fernando III recusou-se a capitular. Os confrontos prosseguiam na Alemanha, no Luxemburgo, nos Países Baixos, na Itália e na Espanha, ainda em 1647.


Batalha de Lens (20 de Agosto de 1648)No Outono desse ano, Maximiliano I reentrou na guerra do lado do Império, e mais uma vez o exército bávaro-austríaco foi derrotado em 17 de Maio de 1648 (Zumarshausen). Esta derrota, bem como os cercos sueco de Praga e franco-sueco de Munique, aliados à importante vitória francesa de 20 de Agosto em Lens, na França, obrigou Fernando III, também confrontado com a ameaça de assalto a Viena, a concordar com os termos de paz impostos pelos vencedores desta Guerra dos Trinta Anos, consagrados no Tratado de Vestfália. A guerra franco-espanhola, no entanto, prosseguiu até o Tratado dos Pireneus, em 1659.

O papel da França

O papel da protagonista principal durante a Guerra dos Trinta Anos coube à França. No apogeu do conflito, o país chegou a contar com um exército de 100 mil homens e a firmar aliança com as Províncias Unidas, a Suécia, os príncipes alemães contrários à paz, a Confederação Helvética e alguns Estados italianos. Na organização estratégica de todos esses movimentos estava Armand Jean du Plessis, o cardeal de Richelieu (1585-1642), descrito por seus contemporâneos como uma figura mais próxima à Coroa do que do papa.

O fim do conflito

Celebração da Paz de Münster.A Paz de Vestfália foi negociada durante três anos pelos representantes dos católicos e protestantes, reunidos em Münster
(onde tinha precendência a França católica)
E em Osnabrück
(onde tinha precedência a Suécia protestante).
As conversações de paz, iniciadas em 1644 em Münster e Osnabrück, envolviam o fim da guerra de oitenta anos entre Espanha e Países Baixos e da guerra dos trinta anos na Alemanha. O tratado de paz entre Espanha e Países Baixos foi assinado em 30 de janeiro de 1648; em 24 de outubro do mesmo ano foi assinado o tratado de paz entre o Sacro Império Romano-Germânico, os outros príncipes alemães, a França e a Suécia. Os tratados concluídos nessas duas cidades da Vestfália foram depois reunidos no Ato Geral de Vestfália em Münster em 24 de Outubro de 1648.

A assinatura da paz ratificou as cláusulas do Tratado de Augsburgo de 25 de setembro de 1555, incluindo o calvinismo, garantindo a protestantes e católicos a liberdade de culto. Assim, o mapa religioso da Europa ficaria imóvel, uma vez que a eventual conversão dos soberanos não acarretaria mudanças religiosas nos respectivos domínios. Ao mesmo tempo, não só o equilíbrio de poderes no continente europeu se viu alterado - com a Espanha a ceder a posição dominante à França - como também certas fronteiras foram redefinidas.


Mapa da Europa Central no fim da Guerra dos Trinta Anos, mostrando a fragmentação, que resultou em descentralização.A diplomacia e os exércitos franceses obrigaram os Habsburgos a se concentrar nos territórios austríacos e a se expandir em direção ao Império Turco, no Oriente. Na qualidade de árbitro do equilíbrio internacional, a França conseguiu alguns ganhos territoriais: tomou o Rossilhão à Espanha, tomou posse de toda a Lorena e de quase toda Alsácia e obteve o reconhecimento dos "Três Bispados" (Metz, Toul e Verdun).

A Suécia ampliou seu controle sobre o Báltico e recebeu a Pomerânia ocidental alemã, além de importantes portos situados em rios alemães, dilatando assim seus domínios para fora da Escandinávia. O poder sueco seria recompensado com concessões feitas ao eleitor (príncipe ou bispo que participava da eleição do imperador) de Brandemburgo, dono das vias de acesso entre a Prússia e o Reno.

A Espanha perdeu não só os Países Baixos mas sua posição de domínio no oeste da Europa e o controle dos mares nas colônias americanas.

Várias nações, entre as quais os Países Baixos e a Suíça, viram reconhecida a sua independência.

A Paz de Vestfália, que significou a dissolução da antiga ordem imperial, permitiu o crescimento de novas potências em suas partes componentes. Reconhecido como fundamento da constituição alemã, o tratado formou a base de todos os acordos seguintes até o desaparecimento definitivo do império em 1806.

Conseqüências.

Era o início da hegemonia e da soberba francesa na Europa e do declínio do poder dos Habsburgos. A Alemanha foi a única que saiu derrotada, arruinada e devastada desses trinta anos de guerra. Os principais campos de batalhas dos intermitentes conflitos foram as cidades e principados da Alemanha, que sofreram danos muito graves. Muitos dos combatentes eram mercenários que tinham na pilhagem sua principal forma de pagamento. Assim, tomavam à força, onde paravam ou por onde passavam, os suprimentos necessários a sua manutenção e lucro, numa estratégia predatória que levou à destruição completa de inúmeras comunidades. Hoje estima-se que a população da Alemanha caiu 20% durante a guerra; em algumas regiões esse declínio chegou a 50% pois vilas inteiras sumiram.

Conseqüências de longo prazo da guerra foram, além da emergência da França como o poder terrestre dominante na Europa, a formação das Repúblicas da Holanda e Suíça e a contínua fragmentação da Alemanha, pois torna 350 Estados alemães quase que independentes do Imperador, atrasando a sua unificação em um único Estado.

Cronologia dos principais eventos

1618 a 1620: Foi derrotada uma revolta na Boêmia contra a regência da Áustria. Ainda assim, alguns príncipes protestantes continuaram a sua luta contra a Áustria;
1625 a 1627: A Dinamarca entra na guerra ao lado dos protestantes;
1630: O rei Gustavo Adolfo da Suécia intervém ao lado dos protestantes, invadindo o Norte da Alemanha;
1631: O comandante das forças católicas, Tilly, ataca Magdeburgo;
1632: Tilly foi derrotado em Breitenfeld e no rio Lech, tendo sido morto. O general alemão Wallenstein foi derrotado na batalha de Lützen, onde Gustavo Adolfo morreu;
1634: Quando os suecos foram derrotados em Nördlingen, Richelieu fez com que a França entrasse na guerra com o objetivo de infligir várias derrotas à Espanha, aliada da Áustria. Wallenstein é assassinado.
1648: A Paz de Vestefália deu a Alsácia-Lorena à França e algumas províncias bálticas à Suécia, tendo a autoridade imperial na Alemanha ficado a ser apenas nominal. Os exércitos mercenários de Wallenstein, Tilly e Mansfeld devastaram a Alemanha.

Principais batalhas

Batalha de Pilsen (1618)
Batalha de Záblatí (1619)
Batalha de Vestonice (1619)
Batalha da Montanha Branca (1620)
Batalha de Wiesloch (1622)
Batalha de Wimpfen (1622)
Batalha de Höchst (1622)
Batalha de Fleurus (1622)
Batalha de Stadtlohn (1623)
Batalha da Ponte Dessau (1626)
Batalha de Lutter am Barenberge (1626)
Batalha de Stralsund (1628)
Batalha de Wolgast (1628)
Batalha de Frankfurt on the Oder (1631)
Batalha de Magdeburgo (1631)
Batalha de Werben (1631)
Batalha de Breitenfeld (1631)
Batalha de Rain (1632)
Batalha de Fürth (1632)
Batalha de Lützen (1632)
Batalha de Oldendorf (1633)
Batalha de Nördlingen (1634)
Batalha de Wittstock (1636)
Batalha de Rheinfelden (1638)
Batalha de Breisach (1638)
Batalha de Chemnitz (1639)
Segunda Batalha de Breitenfeld (1642)
Batalha de Rocroi (1643)
Batalha de Tuttlingen (1643)
Batalha de Freiburg (1644)
Batalha de Jüterbog (1644)
Batalha de Jankau (1645)
Batalha de Mergentheim (1645)
Segunda Batalha de Nördlingen (1645)
Batalha de Zusmarshausen (1648)
Batalha de Lens (1648)
Batalha de Arras (1654)
Batalha de Valenciennes (1656)
Batalha das Dunas (1658)

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Projecto "Paz de Vestália" (entre outras com volume de ensaio da 26. exposição do Conselho Europeu "1648: War and Peace in Europe", 1998/99)

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AS VARIAS FACES DO "CRISTIANismo"

Calvinismo
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Calvinismo

João Calvino
Bases históricas:

Cristianismo
Agostinho de Hipona
Reforma


Marcos:

A Institutio Christianæ Religionis de Calvino
Os Cinco Solas
Cinco Pontos (TULIP)
Princípio regulador
Confissões de fé

Influências:

Teodoro de Beza
Sínodo de Dort
Teologia puritana
Karl Barth


Igrejas:

Reformadas
Presbiterianas
Congregacionais


O Calvinismo é tanto um movimento religioso protestante quanto uma ideologia sócio-cultural com raízes na Reforma iniciada por João Calvino em Genebra no século XVI.

Índice [esconder]
1 A obra de João Calvino
2 Interpretação Sociológica
3 Denominações Calvinistas
4 Referências
5 Ver também
6 Ligações externas


[editar] A obra de João Calvino
João Calvino exerceu uma influência internacional no desenvolvimento da doutrina da Reforma Protestante, à qual se dedicou com a idade de 30 anos, quando começou a escrever os "Institutos da religião Cristã" em 1534 (publicado em 1536). Esta obra, que foi revista várias vezes ao longo da sua vida, em conjunto com a sua obra pastoral e uma colecção massiva de comentários sobre a Bíblia, são a fonte da influência permanente da vida de João Calvino no protestantismo.

Calvino apoiou-se a frase de Paulo: "pela fé sereis salvos", esta frase de epístola de Paulo aos Romanos foi interpretada por Martinho Lutero ou simplesmente Lutero como pela fé sereis salvos. As duas frases, possuem a mesma coisa, ou seja, não muda o sentido.

Para Bernardye Cotitretw, biógrafo de Calvino, "o calvinismo é o legado de Calvino e torna-se uma forma de disciplina, de ascese, que não raramente é levada ao extremo da teimosia". O Calvinista é pois no extremo um profundo conhecedor da Bíblia, que pondera todas as suas ações pela sua relação individual com a moral cristã. O Calvinismo é também o resultado de uma evolução independente das idéias protestantes no espaço europeu de língua francesa, surgindo sob a influência do exemplo que na Alemanha a figura de Martinho Lutero tinha exercido. A expressão "Calvinismo" foi aparentemente usada pela primeira vez em 1552, numa carta do pastor luterano Joachim Westphal, de Hamburgo.

O Calvinismo marca a segunda fase da Reforma Protestante, quando as igrejas protestantes começaram a se formar, na seqüência da excomunhão de Martinho Lutero da Igreja Católica romana. Neste sentido, o Calvinismo foi originalmente um movimento luterano. O próprio Calvino assinou a confissão luterana de Augsburg de 1540. Por outro lado, a influência de Calvino começou a fazer sentir-se na reforma Suíça, que não foi Luterana, tendo seguido a orientação conferida por Ulrico Zuínglio. Tornou-se evidente que a doutrina das igrejas reformadas tomava uma direcção independente da de Lutero, graças à influência de numerosos escritores e reformadores, entre os quais João Calvino era o mais eminente, tendo por isso esta doutrina tomado o nome de Calvinismo.

Uma vez que tem múltiplos fundadores, o nome "Calvinismo" induz ligeiramente ao equívoco, ao pressupor que todas as doutrinas das igrejas calvinistas se revejam nos escritos de João Calvino.

O nome aplica-se geralmente às doutrinas protestantes, que não são luteranas, e que têm uma base comum nos conceitos calvinistas, sendo normalmente ligadas a igrejas nacionais de países protestantes, conhecidas como igrejas reformadas, ou a movimentos minoritários de reforma protestante.

Nos Países Baixos, os calvinistas estabeleceram a Igreja Reformada Neerlandesa. Na Escócia, através da zelosa liderança do ex-sacerdote católico John Knox, a Igreja Presbiteriana da Escócia foi estabelecida segundo os princípios calvinistas. Na Inglaterra, o calvinismo também desempenhou um papel na Reforma, e, de lá, seguiu com os puritanos para a América do Norte. Na França, os calvinistas, chamados de Huguenotes, foram perseguidos, combatidos e muitas vezes obrigados ao exílio. Em Portugal, na Espanha ou na Itália, estas doutrinas tiveram pouca divulgação e foram ativamente combatidas pelas forças da Contra-Reforma, com a ação dos Jesuítas e da Inquisição.

O sistema teológico e as práticas da igreja, da família ou na vida política, todas elas algo ambiguamente chamadas de "Calvinismo", são o resultado de uma consciência religiosa fundamental centrada na "soberania de Deus".

O Calvinismo pressupõe que o poder de Deus tem um alcance total de atividade e resulta da convicção de que Deus trabalha em todos os domínios da existência, incluindo o espiritual, físico, intelectual, quer seja secular ou sagrado, público ou privado, no céu ou na terra. De acordo com este ponto de vista, qualquer ocorrência é o resultado do plano de Deus, que é o criador, preservador, e governador de todas as coisas, sem excepção, e que é a causa última de tudo. As atividades seculares não são colocadas abaixo da prática religiosa. Pelo contrário, Deus está tão presente no trabalho de cavar a terra como na prática de ir ao culto. Para o cristão calvinista, toda a sua vida é um culto a Deus.

De acordo com o princípio da Predestinação, por causa de seus pecados,o homem perdeu as regalias que possuía e distanciou-se de Deus. O homem é considerado "morto" para as coisas de Deus e é dominado por uma indisposição para servir a Deus.

Só havia, então, uma maneira de resolver esse problema: o próprio Deus reatando os laços. Deus então, segundo a doutrina da predestinação, escolheu alguns dos seres humanos caídos para salvar da pecaminosidade e restaurar para a comunhão com ele. Deus teria tomado esta decisão antes da criação do Universo. Mas é claro que não é por causa de quaisquer boas ações que eles foram escolhidos: "porque pela graça sois salvos,mediante a fé, e isso não vem de vós;é dom de Deus; não vem de obras, para que ninguém se glorie".(Efésios 2:8,9) Os cinco pontos do calvinismo (conhecidos pelo acróstico TULIP, referente às iniciais dos pontos em inglês) são doutrinas básicas sobre a salvação, definidas pelo Sínodo de Dort.

São eles:

Depravação total do homem;
Eleição incondicional;
Expiação limitada;
Vocação eficaz (ou Graça Irresistível);
Perseverança dos santos.

O Calvinismo também defende uma Teologia Aliancista e os Sacramentos como meio de graça, Santa Ceia e Batismo, incluindo o Batismo infantil. Calvino na sua principal obra, as Institutas diz: "Eis aqui por que Satanás se esforça tanto em privar nossas criaturas dos benefícios do batismo; Sua finalidade é que se esquecermos de testificar que o Senhor tem ordenado para confirmar as graças que ele quer nos conceder pouco a pouco vamos nos esquecendo das promessas que nos fez a respeito disto. De onde não só nasceria uma ímpia ingratidão para com a misericórdia de Deus, mas também a negligência de ensinarmos nossos filhos no temor do Senhor, e na disciplina da Lei e no conhecimento do Evangelho. Porque não é pequeno estimulo sabermos que educá-los na verdadeira piedade e obediência a Deus. E saber que desde seu nascimento foram recebidos no Senhor e em seu povo, fazendo-os membros de sua igreja." (CALVINO, 1999, p. 1069.) O calvinismo deveria ser austero e disciplinado, ou seja: As pessoas não tinham direito a excessos de luxo, e conforto, sem esbanjamento matriana.

Interpretação Sociológica

Sociólogos como Max Weber e Ernest Gellner analisaram a teoria e as conseqüências práticas desta doutrina e chegaram à conclusão de que os resultados são paradoxais. Em parte explicam o precoce desenvolvimento do capitalismo nos países onde o Calvinismo foi popular (Holanda, Escócia e EUA, sobretudo
 

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